quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Presente da prima Gigi!


"Meu pequeno, hoje não estou tão inspirada, mas vamos lá!!!

Meu bebê, você é um príncipe para mim, você me faz feliz, deixa a minha vida muito mais alegre!! Como sinto saudades de você, meu amor!! Sinceramente, não sei o que seria de mim sem você, sem ter aquela sensação quando chego em sua casa olho para você e você dá aquele sorriso maravilhoso, com esse sorriso seu para mim já ganho o meu dia e já me sinto a pessoa mais feliz do mundo por ter um primo que nem você! 

Desde a primeira vez que te vi na maternidade já sabia que você iria mudar minha vida, e que seríamos grandes amigo, e não errei! 

Sinto muitas, muitas, muitas saudades de quando pergunto "Miguel, você me ama?" e prontamente você me responde "amo muito" e me dá um abraço, me sinto muito feliz!!! 

Parabéns, tudo de bom hoje e sempre, que você seja muito feliz!!!

É isso, príncipe, obrigada por tudo mesmo, por me fazer feliz, você é como um irmão pequeno para mim, cada momento com você é muito precioso, quero você para sempre do meu lado!! ♥♥ 

Te amo muito, prirmão (primo+irmão),  tô morrendo de saudades de você, curta bastante os seus 4 aninhos!!!"

Impossível não chorar lendo uma declaração desta, né? Obrigada, GIGI, e vou salvar e imprimir porque desconfio de que ele seja meio parecido comigo: ama demonstrações de amor que nem esta, embora não tenha, ainda, a dimensão disso! Guardo mensagens que enviaram para mim quando eu descobri que eu estava grávida, os conselhos que escreveram no meu chá de bebê, os caderninhos de um ano, de dois, de três e agora o de quatro anos! A palavra tem um poder enorme, e tomara que, como eu, ele se apaixone por ela e descubra esse poder! Você já está descobrindo... o que muito feliz me deixa... e não é à toa que eu a sinto tão parecida comigo, mais até do que se fosse saída de mim. Minha sobrinha-filha-postiça! Amamos demais você! Jamais duvide disso, tá? Beijos. Obrigada, mais uma vez, por amar tanto assim o meu filhote lindo!!!

Super Miguel


Presentinho lindo, carinhoso e singular que o Miguelito ganhou da "tia" Patrícia Peters, uma artista e arteira de mão cheia, e cabeça cheia de ideias, que eu tive o prazer (imenso) de conhecer durante a minha passagem pelo Instituto Santa Rosa! Obrigada, linda! Adoramos! O Super Miguel então... ficou todo bobo e logo me pediu para colocar a capa nele, para ficar igual ao desenho!!! (risos)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Mais um aninho do meu arcanjo!!!


Hoje é um dia muitíssimo especial! Dia em que Deus confiou a mim a tarefa de ser mãe, de me dividir em duas, de só me sentir completa quando estou perto do meu filho, ou me contentar, quando longe preciso estar, com o fato de ele existir e de tornado mais lindo o mundo. Graças a ele, meu conceito de vida mudou, eu soube o que é sentir algo ainda maior do que o amor, renovou a minha fé em Deus e na humanidade!

Aniversário de filho acho que toda mãe sente da mesma forma: passa um filme na nossa cabeça... imenso, rico em detalhes... com momentos doces e outros nem tão doces assim, mas creio que, assim como eu, toda MÃE que se preze sente que filho é SEMPRE um presente de Deus, ainda mais ter "o" Miguel como filho! Uma figura rara, feita sob medida para mim e que me surpreende a cada dia, me encanta, me descabela, me faz sentir bela... e monstra... justa e injusta... procurando a medida certa que eu nem sei se existe. 


Tenho mesmo muita sorte e, principalmente por conta da presença (diária) dele em minha vida, tenho também a certeza de quanto Deus me ama, confia em mim, e do quão generoso Ele é! 

Já sem palavras, recorro, como fiz quando ele ainda morava em minha barriga, a Nando Reis e sua "Espatódea" para a resumir o que mal cabe em mim e transborda, transforma:

"Não sei se esse mundo é bom, mas ele está melhor, desde que você chegou e explicou o mundo para mim..."



Obrigada, Senhor, pela vida do meu filho! Que o Senhor o proteja e que o faça andar sempre pelo caminho que o leva a Ti... Que elezinho nunca se desvie dele! Capacite-me, Senhor, porque ser mãe é algo realmente louco... complexo... apaixonante! Mas como dá medo... ainda mais vendo tantas coisas ruins acontecendo neste mundo...


Obrigada, filho, por me explicar, diariamente, o mundo, por me ensinar tanto, por ter me tornado um ser humano melhor, e, principalmente, por ter tornado muuuuito melhor, antes de mais nada, o MEU mundo, que em torno de você gira, meu sol, meu girassol, meu Norte! 

Parabéns pelo seu dia! Tudo de MELHOR para você, filho! Amo você!

domingo, 11 de agosto de 2013

Pílulas do Dia dos Pais



Dia triste devido às saudades acentuadíssimas, mas também repleto de lembranças que me fazem sorrir, ainda que apenas por dentro, porque por fora, discretamente, choro, chovo. Um raio de sol, porém, acena e vem ao meu socorro, perguntando:

-- Esse é o meu vô?
-- Sim, filho, é seu vovô Antônio, o meu pai. 
-- Seu pai, nada. MEU avô. 
Silêncio, quebrado sabiamente por ele, que ri e brinca:
-- Seu pai é Jeter. 
-- O SEU é Jeter. O meu é Antônio. 
Choro. Ele me pergunta por quê e eu digo que sentir saudades dói. 

Choro porque sei que ele, no fundo, sente falta de uma presença masculina na vida dele, mais diária, que eu sei que meu pai poderia brilhantemente ser. 
Choro pelos momentos juntos que um desperdiça tanto e que sei que o outro gostaria tanto de ter tido. 

Mas estas últimas partes, claro, Miguel não precisa entender, nem ao menos saber. Apenas choro. Discretamente. E isso já basta. Catarse.

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Mamãe chega no quarto e pergunta o que é. Eu fungo, e tento disfarçar, dizendo que estou resfriada e com dor de cabeça. Um fofoqueiro de quase quatro anos prontamente me desmente: 

-- Não é nada disso, vovô! Ela está chorando com saudades do meu vovô Antônio... 

O que eu tentava evitar, claro, aconteceu. Mamãe chorou. E novamente o raio de sol saiu com uma deles:

-- Ihhh, tá com saudades do seu pai também, vovó? 

Juro que não sei se o belisco ou se o beijo... rs

(in)feliz dia dos pais!



É o quarto dia dos pais que passo sem o meu, e são quase cinco anos sem tê-lo por perto, fisicamente, porém, sempre soubemos que dia dos pais é todo dia, e assim foi, durante anos... aproveitamos bastante cada momento juntos, principalmente os mais dolorosos que passamos "internados" no INCA, numa luta intensa, num aprendizado imenso, numa aproximação sem tamanho, ímpar! 

Agradeço a Deus por ter tido um pai que me ensinou tantas coisas, e as mais importantes delas são: ter uma vida digna, correr atrás do que eu acredito, batalhar sem explorar ninguém, e adorar estar bem informada, lendo, lendo muito e tudo o que encontrar pela frente! 

Meu pai foi um pai maravilhoso.... e seria perfeito, se não fossem os seus vícios de beber e de fumar, que sempre me irritaram e que eram motivos das nossas brigas. Só por isso brigávamos! Em todo o resto éramos amigos, parceirões, até em assistirmos 6 filmes seguidos! 

Hoje, mesmo sendo avessa a essas datas comemorativas, é impossível não pensar ainda mais nele... e é uma saudade imensa que aperta o peito, mas a certeza de que aproveitamos muito! Bom seria se todo pai fosse assim: pra lá de especial. O meu foi. O meu é. O meu sempre será! 

Obrigada, Pai, por tudo, tudo, tudo e mais um pouco! Te amarei sempre, esteja onde estiver, seja do jeito que for.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Só Caio entende...


"Discretamente, enviei sinais de socorro aos amigos. Ninguém ajudou. Me virei sozinho. Isso me endureceu um pouco mais. Não foi só você, não. Foram também pessoas até mais íntimas, me vi sozinho com enormes dificuldades. Não me lamuriei. Mas preciso que as pessoas saibam que isso doeu -- exatamente porque algumas destas pessoas importam para mim. "

(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 14 de maio de 2013

3 anos e 9 meses...


Há exatamente 3 anos e 9 meses você nascia, permitindo aos meus olhos conhecê-lo além da minha imaginação e das tantas ultras, que eu fazia na esperança de ter uma prévia de como você estava se formando, de como seria, com quem se pareceria...

Lembrei-me automaticamente de uma ultra em especial, a última que fiz antes de você nascer! Lembro-me de que estava ansiosa ao extremo, querendo ver o seu rostinho e você insistia em ficar com a mão na frente, meio que se escondendo, fazendo suspense... Aí me levantei, andei pela salinha, me agachei, me levantei, fiz um monte de exercícios a fim de fazê-lo mudar de posição. Voltei para a ultra, toda esperançosa, e você em vez de uma mãozinha no rosto, agora tinha posto... as duas! Só de perfil que deu mais ou menos para ver um pouquinho mais de você... Parece que não queria mesmo se revelar para a mamãe... (risos)

Acho que começou aí a sua primeira de muitas brincadeiras... de zoações... É assim todo dia, principalmente depois do banho, quando vou arrumá-lo para a escola... a ponto de, na pressa, isso até me irritar! É assim todo dia quando eu peço para você pegar alguma coisa para mim e você finge que vai me entregar e sai correndo, para ver se eu corro atrás para entrar na sua brincadeira, de pique forçado! (risos)

Agradeço a Deus todos os dias por você ser perfeito, por ter saúde, por ser tão espertinho, tão carinhoso, por estar comigo em todos os momentos, até nos de TPM, sem reclamar, tentando me arrancar sorrisos, e por tantas vezes parecer aceitar as minhas falhas, mais do que eu as suas, e por me compreender muito mais do que eu a você. Como sou grata a você, filho, por estar sempre me mostrando que posso ser melhor do que sou, em muitos sentidos, mas sei que, ainda assim, estarei sempre aquém a você! Obrigada por ser meu filho e por fazer com que eu me sinta a melhor mãe do mundo, mesmo tendo total convicção de que estou longe disso. São muitas as incompreensões e limitações... mas como é gigantesco o amor, viu! Parabéns!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Surgindo um talvez

Há músicas que parecem ter, desde o primeiro instante, livre acesso a nós... conhecem todas as palavras  mágicas que abrem todas as portas, até as mais secretas, que escondemos até de nós mesmos...  nossos esconderijos, porões, calabouço, sótão... 

Há tempos não encontrava uma que tivesse o tal do meu "abre-te, sésamo", mas esta realmente trouxe todas as senhas... senhas antigas, recentes, novas, futuras, até todas elas misturadas...

Meu alerta de perigo tocou! Duas vezes! Tudo me soa beeem familiar... Mesmo assim, ouço atentamente, não me canso de ouvir, de mergulhar na letra e viajar na melodia... Perambulo em mim, com medo e com um certo alívio por ver que talvez a fase anestésica tenha cessado e talvez, só talvez, seja época de abrir as janelas, portas... ou ainda um tímido e pequeno basculante! Já é um começo! Talvez seja tempo de sorrir... mas só TALVEZ...



De janeiro a janeiro

Não consigo olhar no fundo dos seus olhos
E enxergar as coisas que me deixam no ar, me deixam no ar
As várias fases, estações que me levam com o vento
e o pensamento bem devagar

Outra vez, eu tive que fugir
Eu tive que correr, pra não me entregar
As loucuras que me levam até você
Me fazem esquecer, que eu não posso chorar

Olhe bem no fundo dos meus olhos
e sinta a emoção que nascerá quando você me olhar
O universo conspira a nosso favor
A consequência do destino é o amor
Pra sempre vou te amar

Mas talvez você não entenda
Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor não será passageiro 
Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar...

(Roberta Campos e Nando Reis)

domingo, 12 de maio de 2013

Mais um dia NOSSO!


Não serei hipócrita dizendo aos quatro ventos que a minha mãe é a melhor do mundo, muito menos que ela é perfeita, pois muitas e muitas vezes entramos em conflito, brigamos, nos magoamos, nos ferimos, aliás, para ser sincera, são raros os nossos dias de paz, e talvez por isso eles sejam tão valiosos, para ambas. Somos muito diferentes em muitas coisas e, ao mesmo tempo, parecidíssimas em algumas e, por incrível que pareça, o parecido é que nos repele. As diferenças são até, quase todas, contornáveis!

Gostaria de poder conversar com ela me sentindo em território amigo, desarmado, sem que no primeiro atrito ela usasse tudo contra mim, impiedosamente. É isso o que mais me incomoda nela, assim como sei que  meu jeito cada dia mais sem paciência para tolices a irrita. Apesar disso tudo, não posso negar que não sei viver sem ela, tanto que acabo voltando atrás todas as vezes em que me decido ir embora (e não foram poucas!). Não gosto da sua falsa independência, que termina quando precisa me pedir para abrir uma simples garrafa de refrigerante, ou fechar os trincos dos basculantes por ela não alcançar, ou fazer o curativo no seu pé, ou acompanhá-la a uma consulta médica... 

Detesto quando ela refaz tudo o que eu faço, ignorando o simples fato de haver várias maneiras de se fazer algo, ou quando coloca defeito em algo, ou quando diz que é para deixar para ela fazer e, em seguida, joga isso na minha cara. Porém, toda a minha raiva velozmente se dissipa quando eu a ouço tossir, espirrar, sinalizar qualquer interferência em sua saúde, ou quando se permite desmanchar falando com o neto com tanto carinho que eu até a desconheço! 

Sinto falta (muita) de uma mãe que erra e não só assume isso, como também a palavra desculpa faz parte do seu dicionário! Às vezes sinto necessidade de ouvir isso em vez de ver feita a minha comida preferida após uma discussão, apesar de saber que é a sua forma de pedir desculpas... sem pedir. Sinto falta de ouvir "eu te amo" e outras demonstrações de afeto em vez de vê-la chorar quando sente que algo ou alguém me ofende ou me magoa. Enfim, a maior prova de amor que eu poderia lhe dar, especialmente hoje, é dizer que, apesar de todos esses incômodos e discordâncias, diários e tão rotineiros, eu não sei se saberia ficar longe dela. Nem meu filho. Somos um time, um trio inseparável, portanto, o dia hoje não é das mães, mas da mãe, da mãe da mãe, e do filho, como tão bem me disse hoje meu sábio Miguel! Viva nós então! 

Essa pessoa sou eu!?!



Às vezes fico me perguntando como meu filho me vê, em meio a tantos erros até mesmo quando tento acertar, ou principalmente nessas horas, e hoje achei engraçado ao vê-lo preparar mais um cartão de dia das mães para mim! Ganhamos dois no Supermercado Extra e ele veio para casa todo empolgado, compenetrado, dedicando-se ao cartão que preparou para mim e para a "mãe da mãe". Sim, porque hoje ele curiosamente não usou a palavra "vó", como se isso tirasse a sua propriedade de homenageá-la também! (risos)

Perguntei o que estava escrito no meu cartão, ao que prontamente ele respondeu: "Mamãe, eu te amo muito, muito, muito! Feliz dia das mães!" Perguntei-lhe do desenho, pensando se tratar de um animal, mas fui logo surpreendida com um, todo animado, "é você, mamãe!!!" Juro que não sabia se ria ou se chorava. Na dúvida, claro, fiz os dois, assim, de uma forma ou de outra, eu acertaria! Agradeci e o enchi de beijos! 

Mais tarde, fiquei fitando o cartão, o "meu" desenho, e ele me flagrou, vindo logo, todo solidário, me ajudar a decifrar o indecifrável! Disse-me que as minhas mãos estavam para trás, o que automaticamente me esclareceu que ele não as havia posto no lugar errado e aquilo grandão era, na verdade, as minhas... Orelhas?!? Putz!!! Senti-me o próprio Toppo Giggio, ou, mais moderninho, o Dumbo!!! Tive vontade de rir,  e de chorar, novamente!!! (risos)

Notei minha forma redonda, que destoava das minhas perninhas de graveto, finíssimas... e que gozado ele ter posto o adesivo de flor justamente no lugar do meu nariz. O que será que isso representaria??? Será que ele quis dizer, inconscientemente, que meu nariz era estranho e que ele não conseguiria desenhá-lo?!? 

Bom, pelo menos ele colaborou passando um batonzinho...!!! (risos)

E nunca ri tanto em minha vida... assim como também nunca parei tanto para refletir... e, pela primeira vez, tive medo de saber como ele me vê, e mais ainda de me ver assim. Desisti de saber! Há certas coisas que não são tãããão importantes assim... ou de repente precisarei de muuuuuuuito mais tempo de terapia para suportar! Vai saber! kkkkkkkkkkk

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Tentando explicar o inexplicável...


Pensando em como dar a notícia a Miguel, quando ele chegasse da escola, de que a bisa dele morreu... Coração angustiado, perdida em meu silêncio e em minhas lágrimas...  e eis que elezinho chega, sorridente, todo animado com a festinha (antecipada) de dia das mães amanhã, na escola... Gesticula e vem me contar "o segredo que não pode ser revelado porque é surpresa", mas aí olha para mim e entende tudo, até aquilo que nem mesmo eu entendo. Com tamanha rapidez e sabedoria esquadrinha a minha alma e lê meu coração. 

Silêncio por alguns segundos. Quebra de silêncio provocada pelo olhar questionador dele, ao qual respondo, sem qualquer tato, que "Papai do céu precisou levar a bisa para o céu..." Novo silêncio. Choro.    Ele me abraça e pede apenas que eu não chore se não ele também vai chorar. Prometo parar de chorar, mas não cumpro, claro. Quem me consola é ele, que abraça a minha dor, a minha saudade antecipada e a  minha frustrada tentativa de querer explicar o que é inexplicável, hoje e sempre, pelos mais variados motivos. 

Vou dormir com esta indagação: "Por que será que nada é da maneira que a gente espera e às vezes até ensaia, né?!?" Ainda bem, ainda bem... Deus sabe mesmo tuuuuuudo o que faz. Meu coração, mesmo sangrando, esboça um sorriso. Adormeço. Quase. E congelo a dor para amanhã. 

Psiu! Silêncio! A guerreira descansa...


Notícia triste... Coração apertadinho... Lágrimas... Certas pessoas são tão especiais que às vezes não precisamos conviver diariamente com elas para nutrirmos um amor sem tamanho! Era exatamente assim como "vovó Dalva", a bisa do meu filho e minha avó emprestada. Sim, meu coração a tomou como vó desde o primeiro instante em que a vi. Impossível não se apaixonar por seu jeitinho manso de falar, por aquele olhar que abraça, por aqueles cabelos tão branquinhos, por aquele cheirinho de talco, e sempre tããão carinhosa! 

Apesar de não termos tido muito contato, sempre fui recebida por ela com muito carinho, alegria, atenção, beijos e abraços! Parecia estar sempre sentadinha em sua cadeira, à nossa espera, ora na cadeira da varanda, ora na cadeira da copa, ora no sofá da sala... só desta última vez que nos recebeu deitadinha em sua cama... mas sempre sorrindo, feliz, em paz... Desta vez nos recebeu com mais emoção do que de costume, e deixou escapar algumas lágrimas, discretas. Talvez ela, com toda a sua sensibilidade e sabedoria, desconfiasse de que já ensaiava uma espécie de despedida! 

Beijou-me como a quem beija uma neta de verdade, e assim me considero, e beijou meu filho, seu bisnetinho, pela última vez. Saí de lá com o coração angustiado, confuso, tal como foi com Juninho... Mas torcia para que eu estivesse enganada e que pudesse, ainda, levar Miguel para vê-la muitas e muitas vezes. Não levarei. Quis Deus assim. Mas sempre o farei se lembrar com carinho da bisa mais linda do mundo e sei que, apesar da tristeza, vou sorrir quando ele falar, como sempre, que "a bisa é tão fofinha, com aqueles cabelinhos brancos!"

Não sei como contar para ele que ela se foi... que ele não encontrará mais a bisa quando for caminhar por aquele corredor de pedras até chegar à casa dela... e que ele não poderá mais vê-la... Estranho explicar certas coisas a quem ainda não tem noção alguma do que a morte nos rouba, e ainda bem que não tem! Sofro por mim, sofro por ele, sofro pela saudade que fica. Foram 98 anos de uma existência linda, regada à saúde e uma lucidez bem maior do que a minha! Difícil acreditar que um fêmur fraturado e uma leve pneumonia tenham vendido essa guerreira. Aliás, não venceram. Prefiro acreditar no olhar dela e nas lágrimas do nosso último encontro, registrado pela foto, que ela já se despedia demonstrando que o coração da guerreira finalmente precisava de um descanso.

Sim, vovó Dalva, que a senhora tenha o descanso mais do que merecido e saiba que jamais vou me esquecer dos poucos, mas intensos contatos que tivemos, como quando o dia em que nos conhecemos, quando passou a mão no meu barrigão quase no final da minha gravidez, quando levei Miguel (com poucos dias de vida) para a senhora conhecer, e quando nos recebeu tão carinhosamente a cada visita, sempre. Obrigada, por tudo, principalmente pela lição de vida, sem nunca a ouvir se lamentar de nada. Que falemos baixo agora, que sussurremos... pensando bem, psiu, silêncio! A guerreira descansa!

Com amor,

Sua "neta" Andreia e seu bisneto Miguel

domingo, 14 de abril de 2013

3 anos e 8 meses!


Ainda "ontem" você era um bebezinho que tinha acabado de sair da minha barriga, todo dependente... e hoje o vejo já um rapazinho,  todo cheio de estilo, de manias, de artes, de teimosia, de opinião... cada dia querendo menos colo e mais chão! Admiro sua independência para muitas coisas, como quando entra na van para ir à escola e me dá tchau, sem nem olhar para trás, embora isso, confesso, me doa. É um misto de orgulho e de medo de estar perdendo terreno, que acho que, no fundo, toda mãe que se preze tem!

Gosto demais quando você chega da escola e vem direto para o quarto para ver se ainda me encontra ali, e que pena que são raras as vezes em que estou! Como essas ausências me doem, me angustiam, embora eu saiba que você é, como diriam meus alunos, bem mais "safu" do que eu. Sei que fica bem com a vovó enquanto não estou com você e é só por conta dessa certeza que eu consigo ir trabalhar, e aceito o inevitável corte do nosso cordão umbilical. 

Sei que às vezes me encontro irritada, até mesmo pela correria e pelo cansaço, admito que grito mais do que eu gostaria, que brigo e que o coloco para "pensar", e sei que você não entende quando não posso dar a atenção que você merece... Tudo isso me destrói por dentro, filho. Fico remoendo e me culpando por não saber ser a melhor mãe do mundo. É difícil educar sem estragar, sem traumatizar, sem encontrar a medida certa... e a sensação que temos é que estamos errando ou errando, em muitos momentos!

Apesar do taaaaanto que você tem aprontado,  testado meus limites e os de sua vó, e feito taaaaantas bobagens, jamais duvide do quanto o amo e do quanto me orgulho de ser sua mãe. Saiba que, embora eu às vezes fale, nos momentos de desespero e de extremo cansaço,  que você poderia ser  calminho "que nem o Arthur" ou qualquer outra comparação do tipo, eu não queria ser mãe de ninguém que não fosse você! É o MEU filho, meu amor, meu tesouro, minha bússola, meu Norte, meu ar, meu tudo! 

Parabéns por mais um mês de vida! Agora já são 3 anos e 8 meses!!!!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Diálogo matinal

Às 7:30 h ela acorda, mesmo com o corpo e a mente lhe dizendo que precisavam ir pelo menos até as 10! Uma voz carinhosa dá o comando e lhe pede um abraço, e ela, como um zumbi, obedece, se levanta, vai até lá e abraça, apertado. Resolve perguntar se o dono da voz teve um pesadelo e por que pediu o abraço. Ao ouvir que só quer um abraço porque a ama, o zumbi prontamente se humaniza, todo, e tudo ganha cor, sentido e até trilha sonora!

Dado outro abraço, mais apertado ainda, o sono a obriga a voltar para a cama. Obedece. Mal fecha os olhos e tem seu sono novamente interrompido pela voz, que, agora, para combinar com o abraço, pede um beijo. Zumbi se levanta, sorrindo, e dá um, dois, três, quatro, cinco... mil beijos! E passaria toda a eternidade ali beijando, mimando! Ganhou o dia, mesmo que venham duzentos e noventa e nove pepinos. Ou mais.

Ela volta para a cama, ainda morrendo de sono, enquanto ele já mandou o dele embora e parece bastante convencido a provar que o dela está indo junto. Pede para ir para a cama dela, fato de que ela gosta. Ilude-se. O zumbi volta e cochila por uns dez, onze, doze minutos no máximo, até acordar com a bagunça feita com colagens entre o dono da voz, o chão e o guarda-roupa. Bom que hoje o idealizador mesmo limpa. Ela pensa em brigar, mas, no fundo, tem vontade é de rir. E obedece. Por que não?

Filho carente é tudo de bom, mesmo que isso ative em nós um monte de culpa. É a maior e melhor de todas as riquezas do mundo e não tem preço. Nenhum. Nunca. E não sabe ele que, sem querer,  deu a ela a resposta que tanto buscava para um enigma que foi dormir e acordou com ela. 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

À Rosa, poderosa!


Impossível me esquecer desta data, que é também aniversário da minha sobrinha Isabella! Mas é mais impossível ainda porque, depois de aaaaaanos de trocas intensas na virtualidade, conheci essa amiga querida que tem nome de flor e age como se fosse uma. Perfumada, colorida, dona de pouquíssimos espinhos e inúmeras pétalas para sempre deixar uma por onde passa. Graças a Deus, foi a minha vez de receber uma. Trago-a comigo. Relíquia. Tesouro. Preciosidade. 

Com ela aprendi a começar a exercitar a tolerância, a quem, antes, eu nunca tinha sido apresentada.  Aprendi também a me colocar mais no lugar do outro e a sentir suas dores, angústias, tristezas, limitações. Foi com ela que eu comecei a desconfiar que a chegada de um filho vira a vida pelo avesso, desnorteia, muda a gente, confunde... e,  depois de Miguel, a desconfiança virou certeza. Já trocamos confidências que talvez nem os nossos amigos mais próximos desconfiem, quem dirá saibam! Cumplicidade e confiança! Já nos chateamos e nos desentendemos algumas vezes, mas sempre veio o perdão, como todo bom amigo. Dela já recebi provas e atividades que tantas vezes me "salvaram a vida", e também conselhos preciosos, assim como orações que me salvaram a vida, no sentido literal. Foram tantas trocas.... de tantas coisas... que até me perco. E me acho. É meio amiga-bússola, que sinaliza o caminho, se não mais correto, mais adequado.

Com ela fui um pouquinho mãe antes mesmo de saber da existência de Miguel. Fui, juntamente com tantos amigos artemanhosos, um pouco mãe da Hannah, junto com ela. Hoje sinto-me tia, mesmo sem ser sua irmã, ou talvez, vai saber, talvez irmãs sejamos. Somos as irmãs que escolhemos. E que valioso isso é!  Que você viva sempre intensamente, com poder, Rosa, poderosa! Obrigada pela amizade! 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Bom consolo para a tristeza...


Ostra feliz não faz pérola

Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que representam as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas -- são animais mansos --, seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse, a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão..." Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas asperezas, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o trabalho -- por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia, passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro  que estava dentro da ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora  fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa. 

Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre "O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música", Nietzche observou que os gregos , por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo. A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven -- como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa....

(Rubem Alves)

Sou ostra...


Dois dias seguidos sem conseguir nada produzir, sem terminar nada que eu começava, sem conseguir concatenar uma ideiazinha sequer, e com muita, muita angústia e dor de cabeça! Aí fui procurar uma das minhas cinco catarses preferidas e que se revezam: ler, escrever, ouvir música, brincar com Miguel e tomar banho. Desta vez, escolhi a primeira e lá fui eu atrás do Rubem Alves e o seu "Ostra feliz não faz pérola".

Mal abri o livro e a dedicatória contida nele me encara: "Andreia, que este livro contribua para o seu crescimento cultural! Amo você! Feliz dia dos namorados! 12/06/08" O nome do santo nem vem ao caso, mas o milagre mereceu menção, sim. 

Sou ostra. Infeliz, talvez. Mas encontro conforto nas palavras (sábias) do "Rubão". Produzo pérolas. Invisíveis, quase todas. Às vezes enxergo uma ou outra, mas não sei mais qual é verdadeira, joia, e qual é imitação, biju! Perambulo entre o real e o imaginário, entre alívio e saudade, entre vida e morte... e são tantos os paradoxos, que me cortam o pé. A fé também, muitas vezes. A alma, vez ou outra, consegue sair ilesa. Ou não. 

Brinco com o tempo... avanço... retrocedo... Noto que  sentimentos morrem, caducam, desgastam-se, mudam, se perdem pelos caminhos... Questiono-me como podem simples e poucas linhas fazerem doer o que já nem doía mais!?! Ainda bem que amanhã, provavelmente, tudo voltará ao normal e eu já nem me lembrarei mais... De que mesmo?!?  Volto, então, a produzir minhas pérolas... 

Achei A dona!


Há anos tenho algumas manias loucas, como a de, por exemplo, comprar determinadas coisas sem finalidade alguma e ficar aaaaanos com elas, sem, contudo, me sentir dona, sempre esperando um momento e uma vontade de descobrir para quem as, inconscientemente, comprei.

Hoje chegou a hora de eu me despedir de um cartão que comprei há mais de um ano! Não, não pensem que encontrei uma dona para ele e sim "A" dona (sempre gostei muito mais dos definidos do que dos indefinidos, confesso).  Ela saberá a quem me refiro e saberá que é ela a dona desse menino, desse palhaço, desses dizeres que tocaram meu coração e me confortaram. Que ela também seja confortada! Terna e eternamente.

Trazemos em nós tantas coisas, o mundo até, e... SÃO SÓ DUAS MÃOS!! Que não nos cobremos tanto... Que façamos apenas 01% da "mágica" que gostaríamos de fazer, mas que não nos esqueçamos de que, em maior ou em menor grau, ainda a fazemos! Cada momento sabe o quanto pode exigir de nós... nós é que não sabemos... e tentamos mudar o mundo querendo ser heroínas, incansáveis, perfeitas, e, algozes de nós mesmas, nos torturamos e não nos permitimos ver que a verdadeira heroína é justamente aquela que chora, que sangra, que se questiona se está fazendo a coisa certa... e somos esta aí TODOS OS DIAS, desde que acordamos até a hora em que dormimos. E é daí, exatamente daí, da dualidade, que vêm as mudanças mais significativas.

Como disse Gandhi, ou como disseram que ele havia dito, nesta onda de tantas falsas autorias facebookianas, "de forma suave você é capaz de sacudir o mundo". Que o sacudamos assim então... mesmo quando consideram que não... mesmo quando nós mesmas assim pensamos! Deus é conosco, e que isso nos baste. O resto é resto. Amém? 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Nas margens de mim... também!


Nas margens de mim

Eu me senti como um rei
Me larguei, dormi, nas margens de mim
Me perdi por querer, eu não fiz,  não fui
Me desaprendi

Eu quis prestar atenção
Tudo o que é menor, mais lento e baldio
Deixo o rio passar tão voraz, veloz
Me deixo ficar

Quando o sol acena bate em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser

Me recolhi, fiquei só
Até florescer
Desapego e raiz, improviso e razão
Canto pra colher, agora e aqui.

De qualquer maneira parte em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser...

(O Teatro Mágico)

domingo, 10 de março de 2013

Mulher banana também!


Nesta onda de tanta mulher-fruta, que abraça esse rótulo com satisfação e orgulho (apesar de eu não entender, sinceramente), quem escolhe não ser fruta, nem mulher obra de arte, parece andar na contramão. Dou banana também e que se dane quem pensa que é despeito! Tenho muito mais do que bunda e peito! E é isso que quero mostrar, se é que quero! O legal é tudo aquilo que se descobre com naturalidade, sem forçar barra... sempre...

sábado, 9 de março de 2013

No meio do caminho tinha uma borboleta

Estava lendo uns textos da especialização ainda há pouco, enquanto Miguelito fazia (e ainda faz), empolgadíssimo, suas tarefas dos seus livros-lousa, e foi aí que parei, encantada, nestes versos de Manoel de Barros, um poeta que eu acho uma gracinha. Adorei! Confesso que ainda não os conhecia!

Concordo com ele que a maior riqueza do homem é a sua incompletude. Também não me aceito como sou, e, sem saída, acabo sendo, então, múltiplas. Mania de ir além. É um querer quase que vital de me superar, de me surpreender, de ir além, de buscar, de insistir, de caminhar até mesmo quando o corpo e a mente cobram repouso. Digo não aos comandos, à robotização das regras, à rotina que nos aprisiona tanto. Burlo. Transgrido. Rejeito. Não tem jeito de me enquadrar. Simplificar o ser humano é roubar inúmeras possibilidades e eu que não tenho conseguido roubar nem flor...

Peço perdão o tempo todo. A todos. A mim. Quero cores. Quero borboletas -- nossa grande salvação. Então que venham todas: amarelas, azuis, verdes, rosas, vermelhas (muitas!). São todas bem-vindas. Que façamos um imenso arco-íris. Dançante. Juntos. Mutação. Me torno uma. Me torno várias. Abraço a lagarta também.  Sei ser. Antes e depois. Transição. Abraço o eu, o tu, o ela, o elas... tudo... convido até aquelas que sou, mesmo não sendo, ainda. Embarco nas possibilidades... na riqueza... nos vários eus, de Deus! 


A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

(Manoel de Barros)

A mais bela declaração de amor!

Ontem, antes de dormir, estava me sentindo super mal e pedi um antigases a mamãe. Queixei-me de que a minha barriga estava tão inchada que parecia que ia explodir. Para a minha surpresa, Miguel, que estava tomando leite, parou prontamente de fazê-lo, arregalou os olhos e, correndo, veio beijar a minha barriga e, em seguida, me deu um abraço (o mais apertado que já me deu até hoje). Começou a chorar, um choro tão sentido, que me cortou o coração! 

Mamãe, ao ver a cena, para variar, saiu pela tangente, chorando (acho que puxei um pouco a ela ao tentar me esconder quando choro, como se isso fosse vergonhoso ou nos deixasse vulneráveis demais, não sei. É algo meio que instantâneo, ainda mais depois que Miguel nasceu e vive me perguntando o porquê de eu chorar). Logo em seguida, chorei eu.  

Chorei porque ouvi dele, ao tentar consolá-lo, no meu colo, que pensou que a minha barriga fosse mesmo estourar e que eu ia morrer, que não queria ficar sem mãe. Chorei por perceber o quão distraída às vezes sou na presença do meu filho, que tudo percebe e na proporção dele, e que preciso me policiar daqui pra frente, para evitar que fique assim tão aflito e nervoso. Chorei, acima de tudo, por perceber o quão importante sou pro meu filho, o quanto ele me ama, e o quanto tudo isso é recíproco! Não há nenhuma historia de amor maior e mais bonita do que esta! Garanto! 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Hoje é sexta-feira...!!!


Saudades do tempo em que eu torcia para a sexta-feira chegar para eu sair, para curtir com os amigos, jogar conversa fora a madrugada toda e poder compensar o sono no dia seguinte. Saudades do tempo em que eu torcia para chegar a sexta-feira, para eu poder aproveitar o final de semana para descansar, ler, ver filme, ou me dar ao luxo de ficar à toa, sem nada fazer e sem não me culpar por isso.

Agora a sexta já me encontra cansada, logo assim que acordo, e representa me cansar ainda mais em casa, mas curtir muitíssimo meu filho e minha mãe. Só sinto saudades, também, do tempo em que eu tinha um pouquinho mais de tempo para mim, do eu comigo, sabe! Mas isso não é um lamento, é apenas uma constatação. Nada mais do que isso. Juro!

Dia internacional do ser humano!


Nem o sono conseguiu o milagre de amenizar a minha tristeza, decepção e revolta! E se eu já era meio avessa a algumas datas especiais, que só reforçam uma discriminação, hoje então... recuso! Não há nenhum motivo para comemorar o dia internacional da mulher e começo a cogitar aqui a urgente necessidade de se criar o dia internacional do SER HUMANO, de fato. Muitos estão se esquecendo de que o são, ou de que deveriam sê-lo. Isso me deixa preocupada, sem falar que faz com que eu me sinta cada dia mais alienígena dentro do meu próprio habitat.

Como tentativa de conforto, leio e releio as sábias palavras do querido Doutor Ivo Saldanha -- com quem, com orgulho, faço tratamento -- que aqui faço questão de registrar e compartilhar: 

"Irmã Andreia Dequinha, esse ambiente de mau acolhimento e cuidado humano é a prova do adoecimento da instituição social da saúde, em que o governante confunde gente com objeto, com o olhar mais profundo vemos que esses gestores estão doentes também. É necessário esforço de todos nós para trazermos mudança e você está produzindo esse potencial de mudança e usando todos os instrumentos para atingir o alvo, estamos juntos para fortalecer essa nossa família por afinidade."

Que saibamos anular esse processo infeliz de coisificação do ser humano e que possamos resgatar a humanidade perdida... É preciso, é preciso! E antes que seja tarde, se já não for!

Falsa entrega

Às vezes me entrego, e aparentemente entrego os pontos para a tristeza e para a descrença, mas se engana quem pensa que é um estado definitivo. Puramente momentâneo. Estágio. É só o tempo necessário para eu me recompor e recobrar (e redobrar) as forças! E reiniciar as buscas, as lutas... Garanto! Sou Fênix...

quinta-feira, 7 de março de 2013

UPA 24 horas??? Só se for de espera!!!

Após ajeitar meu filho e deixá-lo na casa da minha vizinha para que ela o levasse à escola, porque já sabia que talvez o atendimento demorasse “um pouco”, pedi favor a uma outra vizinha para levar mamãe, por volta das 10 horas, à UPA, por ela ter amanhecido com diarreia e vômito, fato agravado por ela ser idosa (69 anos), diabética, hipertensa, depressiva, com um problema vascular e lesão no tendão de Aquilles. Na hora do registro fiz questão de enfatizar tudo isso e, mesmo assim, houve uma demora sem tamanho para atendê-la. 
 
Fiquei perplexa ao ver que a desorganização é tamanha que não sabem diferenciar o que é prioridade do que é um caso que pode esperar um pouquinho mais! Até se aparecesse ali um alienígena não saberiam quebrar o protocolo e fugir do que foi ensaiado. NENHUM jogo de cintura, nenhuma educação também de um certo atendente, da recepção. Assistente social deve ser artigo de luxo ou estava em sua forma invisível. Fui questionar e me disseram que mamãe já estava como atendimento prioritário (fiquei até com vergonha de perguntar se conheciam a palavra) e depois me dirigi à enfermeira, que foi conversar com o médico para tentar acelerar o atendimento, e isso com mamãe quase desmaiando, chorando muito de nervoso e de desconforto e ameaçando ter uma hipoglicemia, já que nada parava em seu estômago por conta da virose! 
 
A espera foi tão grande (enfatizo) que ela teve que passar pelo CONSTRANGIMENTO, com essa idade, de se sujar toda, e na frente de todo mundo, pois não aguentou mais segurar a diarreia nem o vômito e muito menos deu tempo de ir ao banheiro, já que tem um probleminha no pé. Humilhante a situação! Aí me revoltei e comecei a reclamar, para todo mundo ouvir, da forma DESUMANA com que as pessoas ali, já fragilizadas pela doença e pela dor, estavam sendo tratadas. Logo foram dar um jeito. Se eu soubesse disso, já tinha feito um "barraco" antes! (risos)
 
Tive que vir em casa para pegar roupas e toalha para darem um banho nela e enquanto isso ela ficou lá no banheiro, esperando, coitada! Levei um tempo para acalmá-la e convencê-la de que ali ninguém estava ligando para ela ter se sujado, não consideraram uma vergonha para ela e sim para a PORCARIA de atendimento da UPA, embora eu particularmente ache tudo isso DESNECESSÁRIO! E quem mora longe? E quem não tem dinheiro para pagar um táxi ou pegar um ônibus? A pessoa ficaria lá suja para ser atendida? Ficaria passando mais  essa vergonha? Lamentável! 
 
Depois outra demora, pois de todos os médicos que saíram para almoçar (tinham uns 5 pela manhã) só dois voltaram e era lastimável ver como eles se esforçavam para dar conta de atender a todos, mas era humanamente impossível! A quantidade de pessoas vomitando e com dor estomacal, com diarreia, febre, era imensa!
 
Saímos de lá no finalzinho da tarde! E ainda tinha muuuuita gente para atender, e olha que isso porque ainda houve um momento em que as portas da UPA foram vergonhosamente fechadas porque não estavam dando vazão no atendimento, com apenas dois médicos e grande parte da população doente! Tal fato só comprova como a desorganização é grande e também como não estão nada preparados para lidar com a grande demanda, diária. Uma lástima! 
 
Tive que pedir a uma amiga para pegar meu filho na escola e deixar na casa dela até eu sair de lá! Três amigos cheios de boa vontade e solidários e um sistema nem um pouco preocupado em ajudar! Incoerente assim! E para que contar com tanta boa vontade dos amigos (e precisar disso) se no lugar onde mais se espera humanidade eu só vivenciei o oposto? Uma total coisificação do ser humano! 
 
Para minha dormir, ela teve que tomar calmante... de tão chateada e triste que estava, e com razão! Eu também! Ficamos abaladas, pois não imaginávamos que a coisa chegava a essa proporção! As queixas da oposição são para lá de justificadas e não há nenhum exagero presente nelas! Infelizmente! Queria, no fundo do meu coração, poder aplaudir e dizer que era tudo mentira, mas... Reforço o coro de que a cidade está um caos!
 
Estou profundamente DECEPCIONADA com esse governo, que, até agora, não disse a que veio, ou melhor, até já disse: sua preocupação parece apenas ser atrair turistas e fazer shows. Eu, moradora desta cidade e cidadã, que pago em dia todos os meus impostos e cumpro com os meus deveres, EXIJO RESPEITO e que tentem dar um show (já que tanto gostam) na Educação e na Saúde, especialmente. O resto é resto. 
 
É inadmissível que coisas como esta aconteçam! Aguardo mudanças e bastante significativas... e estou pensando seriamente em fazer valer os meus direitos indo ao Ministério Público, amanhã mesmo, já que hoje o meu dia foi perdido e juntamente com isso perdi boa parte da minha esperança no ser que se diz humano, mas que parece estar se esquecendo, com frequência, disso! Uma pena! Não sei aonde vamos chegar... ou melhor, sei, no caos, e é justamente isso que tanto me deprime.

sábado, 2 de março de 2013

Convivendo com as falhas


Preocupação com uma possível greve prestes a estourar na Educação Municipal daqui de Cabo Frio, onde, felizmente, não trabalho, mas me posiciono como mãe de aluno. Meu coração se divide. Entendo a greve como um direito do trabalhador, como uma justa forma de luta, e já fui grevista durante um bom tempo de minha vida, até perceber que ela não é solução para nada, muito pelo contrário: a sociedade, com raras exceções, vitimiza o governo e condena o professorado, e o problema se agrava. Também não encontrei, até hoje, nenhuma outra solução, o que me deixa angustiada e entristecida. Minha forma de brigar nestes últimos anos é da maneira que posso, ou seja, incentivando a criticidade do meu aluno, abrindo-lhe os olhos, tentando ampliar seus conhecimentos, principalmente os de mundo, como cidadão. 

Não estou fazendo coro àqueles que veem o professor grevista como um vagabundo, muito pelo contrário, vejo-o com a coragem que eu já tive, antes de Miguel existir, antes de mamãe adoecer, antes de eu virar chefe de família, mas minhas últimas experiências como grevista foram, digamos, frustrantes, massacrantes, com Garotinho, Rosinha e outros diminutivos que arruinaram o nosso estado quando estavam no poder. 

Entristeço-me por me sentir meio impotente ao ver que tudo o que cabia a mim como mãe eu fiz! Matriculei meu filho numa escola que considero boa, comprei a mochila e a lancheira que ele tanto queria, me programei de forma a lhe dar, mesmo em meio à correria, atenção e apoio, abri mão de outras oportunidades de trabalho para que isso acontecesse... A minha parte eu cumpri e creio que muitas outras mães também, mas... De que adianta? Basta um gesto irresponsável para fazer tudo isso desmoronar e ficar comprometido. Lamentável.

Como é duro rasgar minhas raízes, arrancar sonhos do meu peito, violentar minha essência, abrir mão das minhas concepções,  parir a fórceps a certeza que eu juro que não queria nunca ter: a de que a escola pública está falida e que começo a não crer mais nela... e, por tabela, nem em mim, que fui objeto direto dela e venho tentando ser, ainda que a duras penas, seu sujeito (ativo). De alguma forma, falhei. Falho. E me sentirei falhar ainda mais quando decidir tirar Miguel da escola pública para colocar na particular. Será muito mais do que uma simples mudança de escola, com certeza. Abrirei mão de uma parte muito grande minha, com certeza! E como isso dói! 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Sorrindo... e só rindo...

Fico boba com certas infantilidades e mais ainda com tentativas frustradas de provocação, de querer ver competição onde não tem, de fofoquinhas para tentar valorizar um passe que não passa de lixo! Sorrio, porque hoje me considero imune a tudo isso. Sigo sorrindo e só rindo mesmo de tamanha patetice!

Nunca alguém verdadeiramente feliz precisou se esforçar tanto para obter convencimentos... Certas coisas só se conseguem com tijolo, suor e cimento, e jamais com palha, viguinhas de madeira podre, e declarações repetidas de amores falsamente eternos. Ó, que terno! 

Enquanto isso só rio dos comentários, dos medos, da certeza de que mais cedo ou mais tarde o vento tudo leva, como sempre levou. Há um enjoo da rotina e logo logo o outro também desafina por perceber tanta inconstância e exagero, feito tempestade que chega acabando com tudo e prometendo que veio para ficar, mas, no dia seguinte, a brisa, tão suave e calma, sem nada prometer, consegue naturalmente soprar e mandar a tempestade para longe... e, sozinha, verdadeiramente reinar. 

Dou aqui os "15 minutos de fama", só para não bater com a cara na porta e para poder retrucar fingindo que não se importa... só para ele jurar que ainda o ama, ou ainda o espera, ou ainda está de quatro... teorias infundadas que arrancam gargalhadas para lá de sonoras por onde quer que passe, repasse, e que só confirmam o que nem perco mais meu tempo querendo mostrar. Tudo o que se perde tanto tempo querendo sinalizar que é raro e grandioso, explicando o inexplicável, se torna caricatural, soa falso, feito diamante que vem de brinde em qualquer bala mixuruca, totalmente pirata, tal qual a fantasia que se escolheu.

Enquanto se vive retocando sorrisos e narizes, enxugando gorduras, valorizando cabelos e bondade, alimentando-se de ilusão, eu faço a caridade odiosa de apenas investir no que sou. Nunca me importei com a moldura, que, sozinha, não vale nada, e não seria agora. Vou embora experimentando roupas, me divertindo fazendo caras, bocas, cabelo, maquiagem, brincando de ser diva, sem enganar ninguém, muito menos a mim mesma. Sei que cabem em mim várias... e em cada uma delas, acredite, não há nenhum desejo de revisitar historias antigas. Já fechei a porta pro passado e a entreaberta é pro futuro, que só eu decido quando abrir, escancarar.  

O curioso é que a última fala é quase sempre de "amizade", mas, na encenação, para convencer, força-se uma inimizade que não há. Nem amizade também. Há apenas um querer bem, acreditem se quiser. Sou leoa, guerreira, mulher! Sigo em frente sem precisar de ninguém... já conquistei alguns caminhos... não me falta carinho e nem respeito daqueles que realmente me fazem bem. O resto pode passar... passarão... eu passarinho, singelo, como disse Quintana, vou só seguindo... sorrindo... só rindo de tanta imbecilidade e de tão mal traçadas rimas! 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Eu labiríntica!


Às vezes me perco em meio a tantas oscilações... Uma parte minha hoje quer voar, mas no outro dia quer se enfiar na toca. Num dia quero virar cambalhotas, feito criança, despretensiosa, ainda que em   ruas tão lotadas, para chamar mesmo atenção; no outro, ando tão tímida e recolhida, que pareço, como avestruz, minha cabeça querer enfiar no chão.  Há dias em que exagero na pintura e me encharco de blush, sombra, rímel, mas há dias em que não quero nem um batom. 

Procuro perambular por caminhos inóspitos... procuro, quase sempre, caminhar na contramão, desviando de um raio  ou de um trovão... mas corro, inteira, para a chuva, sem nenhum tipo de proteção. Não há nenhuma chance de me achar, nem de me perder... a não ser em mim. Aceito assim. Sou fonte que jorra e sacia... que respinga em todo mundo e chama atenção... mas às vezes -- muitas delas -- me sinto sozinha, perdida, quietinha e sem jorrar ao menos um grão! 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Viu, vi, ver...


Cansada de viver me anestesiando e deixando sonhos adormecidos por puro medo de assassinar um a um. Às vezes o coma pode ser salvador... mas... dispenso-o e tenho estado disposta a pagar para ver... ou melhor, pagar para VIVER. E viver a vida, de verdade, aproveitando todas as cores e sabores que ela nos oferece, o tempo todo, requer disposição e coragem de se sujar e de talvez nunca mais voltar a ser o que era... e sem nenhuma garantia de se ser mais ou menos feliz! Quero viver o risco, todos eles. Às vezes é preciso! E se não for tão salvador quanto o coma induzido, pelo menos é mais animador, inspirador, inspira dor... Cansei de ser robô... cansei do indolor... do bolor... Quero tudo o que é meu, ou o que ao menos pode sê-lo. Há risco. Mesmo assim, arrisco. E CAGUEI para quem criticar... 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Waldemira agora!

Sempre pensei que meu filho fosse seguir os meus passos em sua vida escolar e ficar aaaaaaaaaaanos numa mesma escola, com os mesmos coleguinhas, com os pais todos amigos e com as melhores lembranças do mundo em seu coração! Porém, por alguma razão, sua historia já se faz diferente e vamos ver daqui para a frente. 

Deixou para trás a "Iara Coutinho" e agora é na "Waldemira" que segue seu caminho. Outras tias, outros amigos, outras práticas, outra direção, outro espaço para trilhar seus segundos passos nesta longa vida escolar. Que lá seja como um lar e que possa sorrir mais, se soltar mais, sem precisar conviver com gritos, apertos, castigos, provocações, irritações e mentiras. 

O espaço físico já é acolhedor, fresquinho, limpo, beeeem diferente do que deixou para trás. O parquinho é bem cuidado, os funcionários mais bem preparados, tudo parece correr bem. Espero que não venham muitas rifas nem muitas explorações. Que as mordidas, se vierem, que venham também com explicações. Empurrões também. Que haja ali respeito, carinho e profissionais confiáveis, que, apesar da dureza diária e do cansaço, não se esqueçam de que deixamos ali nossos maiores tesouros. Que a escola seja, então, baú e não um mero depósito de crianças. 

Que Deus proteja todas as crianças, todos os dias, principalmente o trio maravilhoso formado por Miguel, Liz e Arthur. Que ilumine e proteja também todos aqueles que cuidam deles! Que amplie suas amizades e que ele se dê bem com todos os amiguinhos, até com o Erick! Que comemore a volta do João Pedro Cardoso, de quem sempre revelou sentir saudades, e que supere as saudades dos que precisaram se separar, como Guigui, Melissa, JP Motta, Carol... Que curta bastante sua nova escola, filho! Aproveite, meu aprendiz de Homem-Aranha! (risos)

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Impunidade: até quando?!?


Fico triste quando alguém parte, seja conhecido ou não, e fico mais triste ainda quando se trata de alguém tão jovem como a Paulla Carvalho, de 13 anos, que foi mais uma vítima da irresponsabilidade. Não a conhecia, mas choro e sofro como se conhecesse, porque poderia ser minha sobrinha -- que tem quase a mesma idade --, poderia ser minha aluna, minha vizinha... Fico perplexa por ver que ela representa uma geração cada dia mais sem limites e que insiste em querer queimar etapas e "amadurecer" da dia pra noite (apenas fisicamente). 
                                                                                                
Hoje agradeço à minha mãe quando eu, com 15 anos, só podia sair na companhia de um adulto ou então chegar em casa, no máximo, até meia-noite, e ai de mim se passasse um minutinho! Era castigo na certa! Mesmo assim, ela marcava em cima, queria saber quem iria, onde iria, quem iria nos trazer, e tudo isso numa época em que nem se tinha a vantagem de ter celular! Ainda bem que ela teve pulso para me dizer mais "não" do que "sim", porque, como toda adolescente, eu também queria ser "dona do meu nariz" e fazer o que me desse na telha. Não fazia meeeeeesmo! E o nariz nunca foi meu!

Sinto-me submersa em várias indagações... e a maior delas é: Quem teve culpa, afinal?!? Se foi quem dirigia bêbado e foi irresponsável; se foi a própria Paulla que, deixando a criança aflorar mesmo num corpo de bem mais mocinha, se deixou empolgar e ficar em pé no carro com teto solar e dirigido por um "tio" bêbado, pensando que nada pudesse lhe acontecer; se ela foi abusar da liberdade excessiva que seus pais lhe davam; se seus pais erraram ao permitirem que uma criança estivesse na rua às 5 da manhã em pleno carnaval e na companhia de estranhos; se a polícia foi conivente ao não apurar, sabe-se lá por que motivo, devidamente os fatos; se a mídia se silenciou a fim de proteger sabe-se lá quem; se Cabo Frio não queria que esse acidente horroroso manchasse a fama de um "carnaval perfeito e calmo"; se o Conselho Tutelar deveria deixar de fazer "vista grossa" e passear de vez em quando nos points da moçada para ver quantos adolescentes da idade da Paulla estão ali vendo o dia amanhecer, bebendo, se drogando, se prostituindo, transando...

A grande verdade é que todos nós, direta ou indiretamente, temos culpa!!! E a temos porque não nos indignamos como deveríamos ao ver nossos jovens fazendo tudo isso, porque acabamos achando tudo normal, porque aceitamos que o mundo incentive mais a se aproximarem da vaidade e dos shoppings do que de Deus e do amor a si mesmos e à vida, essa vida (mais uma!) que hoje escorreu pelos dedos! O turista foi embora com a sensação de aqui tudo é perfeito... e nós ficamos com essa dor, imensa, com essa sensação amarga de impotência! Até quando, meu Deus?!? Até quando?!?