domingo, 10 de março de 2013

Mulher banana também!


Nesta onda de tanta mulher-fruta, que abraça esse rótulo com satisfação e orgulho (apesar de eu não entender, sinceramente), quem escolhe não ser fruta, nem mulher obra de arte, parece andar na contramão. Dou banana também e que se dane quem pensa que é despeito! Tenho muito mais do que bunda e peito! E é isso que quero mostrar, se é que quero! O legal é tudo aquilo que se descobre com naturalidade, sem forçar barra... sempre...

sábado, 9 de março de 2013

No meio do caminho tinha uma borboleta

Estava lendo uns textos da especialização ainda há pouco, enquanto Miguelito fazia (e ainda faz), empolgadíssimo, suas tarefas dos seus livros-lousa, e foi aí que parei, encantada, nestes versos de Manoel de Barros, um poeta que eu acho uma gracinha. Adorei! Confesso que ainda não os conhecia!

Concordo com ele que a maior riqueza do homem é a sua incompletude. Também não me aceito como sou, e, sem saída, acabo sendo, então, múltiplas. Mania de ir além. É um querer quase que vital de me superar, de me surpreender, de ir além, de buscar, de insistir, de caminhar até mesmo quando o corpo e a mente cobram repouso. Digo não aos comandos, à robotização das regras, à rotina que nos aprisiona tanto. Burlo. Transgrido. Rejeito. Não tem jeito de me enquadrar. Simplificar o ser humano é roubar inúmeras possibilidades e eu que não tenho conseguido roubar nem flor...

Peço perdão o tempo todo. A todos. A mim. Quero cores. Quero borboletas -- nossa grande salvação. Então que venham todas: amarelas, azuis, verdes, rosas, vermelhas (muitas!). São todas bem-vindas. Que façamos um imenso arco-íris. Dançante. Juntos. Mutação. Me torno uma. Me torno várias. Abraço a lagarta também.  Sei ser. Antes e depois. Transição. Abraço o eu, o tu, o ela, o elas... tudo... convido até aquelas que sou, mesmo não sendo, ainda. Embarco nas possibilidades... na riqueza... nos vários eus, de Deus! 


A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

(Manoel de Barros)

A mais bela declaração de amor!

Ontem, antes de dormir, estava me sentindo super mal e pedi um antigases a mamãe. Queixei-me de que a minha barriga estava tão inchada que parecia que ia explodir. Para a minha surpresa, Miguel, que estava tomando leite, parou prontamente de fazê-lo, arregalou os olhos e, correndo, veio beijar a minha barriga e, em seguida, me deu um abraço (o mais apertado que já me deu até hoje). Começou a chorar, um choro tão sentido, que me cortou o coração! 

Mamãe, ao ver a cena, para variar, saiu pela tangente, chorando (acho que puxei um pouco a ela ao tentar me esconder quando choro, como se isso fosse vergonhoso ou nos deixasse vulneráveis demais, não sei. É algo meio que instantâneo, ainda mais depois que Miguel nasceu e vive me perguntando o porquê de eu chorar). Logo em seguida, chorei eu.  

Chorei porque ouvi dele, ao tentar consolá-lo, no meu colo, que pensou que a minha barriga fosse mesmo estourar e que eu ia morrer, que não queria ficar sem mãe. Chorei por perceber o quão distraída às vezes sou na presença do meu filho, que tudo percebe e na proporção dele, e que preciso me policiar daqui pra frente, para evitar que fique assim tão aflito e nervoso. Chorei, acima de tudo, por perceber o quão importante sou pro meu filho, o quanto ele me ama, e o quanto tudo isso é recíproco! Não há nenhuma historia de amor maior e mais bonita do que esta! Garanto! 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Hoje é sexta-feira...!!!


Saudades do tempo em que eu torcia para a sexta-feira chegar para eu sair, para curtir com os amigos, jogar conversa fora a madrugada toda e poder compensar o sono no dia seguinte. Saudades do tempo em que eu torcia para chegar a sexta-feira, para eu poder aproveitar o final de semana para descansar, ler, ver filme, ou me dar ao luxo de ficar à toa, sem nada fazer e sem não me culpar por isso.

Agora a sexta já me encontra cansada, logo assim que acordo, e representa me cansar ainda mais em casa, mas curtir muitíssimo meu filho e minha mãe. Só sinto saudades, também, do tempo em que eu tinha um pouquinho mais de tempo para mim, do eu comigo, sabe! Mas isso não é um lamento, é apenas uma constatação. Nada mais do que isso. Juro!

Dia internacional do ser humano!


Nem o sono conseguiu o milagre de amenizar a minha tristeza, decepção e revolta! E se eu já era meio avessa a algumas datas especiais, que só reforçam uma discriminação, hoje então... recuso! Não há nenhum motivo para comemorar o dia internacional da mulher e começo a cogitar aqui a urgente necessidade de se criar o dia internacional do SER HUMANO, de fato. Muitos estão se esquecendo de que o são, ou de que deveriam sê-lo. Isso me deixa preocupada, sem falar que faz com que eu me sinta cada dia mais alienígena dentro do meu próprio habitat.

Como tentativa de conforto, leio e releio as sábias palavras do querido Doutor Ivo Saldanha -- com quem, com orgulho, faço tratamento -- que aqui faço questão de registrar e compartilhar: 

"Irmã Andreia Dequinha, esse ambiente de mau acolhimento e cuidado humano é a prova do adoecimento da instituição social da saúde, em que o governante confunde gente com objeto, com o olhar mais profundo vemos que esses gestores estão doentes também. É necessário esforço de todos nós para trazermos mudança e você está produzindo esse potencial de mudança e usando todos os instrumentos para atingir o alvo, estamos juntos para fortalecer essa nossa família por afinidade."

Que saibamos anular esse processo infeliz de coisificação do ser humano e que possamos resgatar a humanidade perdida... É preciso, é preciso! E antes que seja tarde, se já não for!

Falsa entrega

Às vezes me entrego, e aparentemente entrego os pontos para a tristeza e para a descrença, mas se engana quem pensa que é um estado definitivo. Puramente momentâneo. Estágio. É só o tempo necessário para eu me recompor e recobrar (e redobrar) as forças! E reiniciar as buscas, as lutas... Garanto! Sou Fênix...

quinta-feira, 7 de março de 2013

UPA 24 horas??? Só se for de espera!!!

Após ajeitar meu filho e deixá-lo na casa da minha vizinha para que ela o levasse à escola, porque já sabia que talvez o atendimento demorasse “um pouco”, pedi favor a uma outra vizinha para levar mamãe, por volta das 10 horas, à UPA, por ela ter amanhecido com diarreia e vômito, fato agravado por ela ser idosa (69 anos), diabética, hipertensa, depressiva, com um problema vascular e lesão no tendão de Aquilles. Na hora do registro fiz questão de enfatizar tudo isso e, mesmo assim, houve uma demora sem tamanho para atendê-la. 
 
Fiquei perplexa ao ver que a desorganização é tamanha que não sabem diferenciar o que é prioridade do que é um caso que pode esperar um pouquinho mais! Até se aparecesse ali um alienígena não saberiam quebrar o protocolo e fugir do que foi ensaiado. NENHUM jogo de cintura, nenhuma educação também de um certo atendente, da recepção. Assistente social deve ser artigo de luxo ou estava em sua forma invisível. Fui questionar e me disseram que mamãe já estava como atendimento prioritário (fiquei até com vergonha de perguntar se conheciam a palavra) e depois me dirigi à enfermeira, que foi conversar com o médico para tentar acelerar o atendimento, e isso com mamãe quase desmaiando, chorando muito de nervoso e de desconforto e ameaçando ter uma hipoglicemia, já que nada parava em seu estômago por conta da virose! 
 
A espera foi tão grande (enfatizo) que ela teve que passar pelo CONSTRANGIMENTO, com essa idade, de se sujar toda, e na frente de todo mundo, pois não aguentou mais segurar a diarreia nem o vômito e muito menos deu tempo de ir ao banheiro, já que tem um probleminha no pé. Humilhante a situação! Aí me revoltei e comecei a reclamar, para todo mundo ouvir, da forma DESUMANA com que as pessoas ali, já fragilizadas pela doença e pela dor, estavam sendo tratadas. Logo foram dar um jeito. Se eu soubesse disso, já tinha feito um "barraco" antes! (risos)
 
Tive que vir em casa para pegar roupas e toalha para darem um banho nela e enquanto isso ela ficou lá no banheiro, esperando, coitada! Levei um tempo para acalmá-la e convencê-la de que ali ninguém estava ligando para ela ter se sujado, não consideraram uma vergonha para ela e sim para a PORCARIA de atendimento da UPA, embora eu particularmente ache tudo isso DESNECESSÁRIO! E quem mora longe? E quem não tem dinheiro para pagar um táxi ou pegar um ônibus? A pessoa ficaria lá suja para ser atendida? Ficaria passando mais  essa vergonha? Lamentável! 
 
Depois outra demora, pois de todos os médicos que saíram para almoçar (tinham uns 5 pela manhã) só dois voltaram e era lastimável ver como eles se esforçavam para dar conta de atender a todos, mas era humanamente impossível! A quantidade de pessoas vomitando e com dor estomacal, com diarreia, febre, era imensa!
 
Saímos de lá no finalzinho da tarde! E ainda tinha muuuuita gente para atender, e olha que isso porque ainda houve um momento em que as portas da UPA foram vergonhosamente fechadas porque não estavam dando vazão no atendimento, com apenas dois médicos e grande parte da população doente! Tal fato só comprova como a desorganização é grande e também como não estão nada preparados para lidar com a grande demanda, diária. Uma lástima! 
 
Tive que pedir a uma amiga para pegar meu filho na escola e deixar na casa dela até eu sair de lá! Três amigos cheios de boa vontade e solidários e um sistema nem um pouco preocupado em ajudar! Incoerente assim! E para que contar com tanta boa vontade dos amigos (e precisar disso) se no lugar onde mais se espera humanidade eu só vivenciei o oposto? Uma total coisificação do ser humano! 
 
Para minha dormir, ela teve que tomar calmante... de tão chateada e triste que estava, e com razão! Eu também! Ficamos abaladas, pois não imaginávamos que a coisa chegava a essa proporção! As queixas da oposição são para lá de justificadas e não há nenhum exagero presente nelas! Infelizmente! Queria, no fundo do meu coração, poder aplaudir e dizer que era tudo mentira, mas... Reforço o coro de que a cidade está um caos!
 
Estou profundamente DECEPCIONADA com esse governo, que, até agora, não disse a que veio, ou melhor, até já disse: sua preocupação parece apenas ser atrair turistas e fazer shows. Eu, moradora desta cidade e cidadã, que pago em dia todos os meus impostos e cumpro com os meus deveres, EXIJO RESPEITO e que tentem dar um show (já que tanto gostam) na Educação e na Saúde, especialmente. O resto é resto. 
 
É inadmissível que coisas como esta aconteçam! Aguardo mudanças e bastante significativas... e estou pensando seriamente em fazer valer os meus direitos indo ao Ministério Público, amanhã mesmo, já que hoje o meu dia foi perdido e juntamente com isso perdi boa parte da minha esperança no ser que se diz humano, mas que parece estar se esquecendo, com frequência, disso! Uma pena! Não sei aonde vamos chegar... ou melhor, sei, no caos, e é justamente isso que tanto me deprime.

sábado, 2 de março de 2013

Convivendo com as falhas


Preocupação com uma possível greve prestes a estourar na Educação Municipal daqui de Cabo Frio, onde, felizmente, não trabalho, mas me posiciono como mãe de aluno. Meu coração se divide. Entendo a greve como um direito do trabalhador, como uma justa forma de luta, e já fui grevista durante um bom tempo de minha vida, até perceber que ela não é solução para nada, muito pelo contrário: a sociedade, com raras exceções, vitimiza o governo e condena o professorado, e o problema se agrava. Também não encontrei, até hoje, nenhuma outra solução, o que me deixa angustiada e entristecida. Minha forma de brigar nestes últimos anos é da maneira que posso, ou seja, incentivando a criticidade do meu aluno, abrindo-lhe os olhos, tentando ampliar seus conhecimentos, principalmente os de mundo, como cidadão. 

Não estou fazendo coro àqueles que veem o professor grevista como um vagabundo, muito pelo contrário, vejo-o com a coragem que eu já tive, antes de Miguel existir, antes de mamãe adoecer, antes de eu virar chefe de família, mas minhas últimas experiências como grevista foram, digamos, frustrantes, massacrantes, com Garotinho, Rosinha e outros diminutivos que arruinaram o nosso estado quando estavam no poder. 

Entristeço-me por me sentir meio impotente ao ver que tudo o que cabia a mim como mãe eu fiz! Matriculei meu filho numa escola que considero boa, comprei a mochila e a lancheira que ele tanto queria, me programei de forma a lhe dar, mesmo em meio à correria, atenção e apoio, abri mão de outras oportunidades de trabalho para que isso acontecesse... A minha parte eu cumpri e creio que muitas outras mães também, mas... De que adianta? Basta um gesto irresponsável para fazer tudo isso desmoronar e ficar comprometido. Lamentável.

Como é duro rasgar minhas raízes, arrancar sonhos do meu peito, violentar minha essência, abrir mão das minhas concepções,  parir a fórceps a certeza que eu juro que não queria nunca ter: a de que a escola pública está falida e que começo a não crer mais nela... e, por tabela, nem em mim, que fui objeto direto dela e venho tentando ser, ainda que a duras penas, seu sujeito (ativo). De alguma forma, falhei. Falho. E me sentirei falhar ainda mais quando decidir tirar Miguel da escola pública para colocar na particular. Será muito mais do que uma simples mudança de escola, com certeza. Abrirei mão de uma parte muito grande minha, com certeza! E como isso dói! 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Sorrindo... e só rindo...

Fico boba com certas infantilidades e mais ainda com tentativas frustradas de provocação, de querer ver competição onde não tem, de fofoquinhas para tentar valorizar um passe que não passa de lixo! Sorrio, porque hoje me considero imune a tudo isso. Sigo sorrindo e só rindo mesmo de tamanha patetice!

Nunca alguém verdadeiramente feliz precisou se esforçar tanto para obter convencimentos... Certas coisas só se conseguem com tijolo, suor e cimento, e jamais com palha, viguinhas de madeira podre, e declarações repetidas de amores falsamente eternos. Ó, que terno! 

Enquanto isso só rio dos comentários, dos medos, da certeza de que mais cedo ou mais tarde o vento tudo leva, como sempre levou. Há um enjoo da rotina e logo logo o outro também desafina por perceber tanta inconstância e exagero, feito tempestade que chega acabando com tudo e prometendo que veio para ficar, mas, no dia seguinte, a brisa, tão suave e calma, sem nada prometer, consegue naturalmente soprar e mandar a tempestade para longe... e, sozinha, verdadeiramente reinar. 

Dou aqui os "15 minutos de fama", só para não bater com a cara na porta e para poder retrucar fingindo que não se importa... só para ele jurar que ainda o ama, ou ainda o espera, ou ainda está de quatro... teorias infundadas que arrancam gargalhadas para lá de sonoras por onde quer que passe, repasse, e que só confirmam o que nem perco mais meu tempo querendo mostrar. Tudo o que se perde tanto tempo querendo sinalizar que é raro e grandioso, explicando o inexplicável, se torna caricatural, soa falso, feito diamante que vem de brinde em qualquer bala mixuruca, totalmente pirata, tal qual a fantasia que se escolheu.

Enquanto se vive retocando sorrisos e narizes, enxugando gorduras, valorizando cabelos e bondade, alimentando-se de ilusão, eu faço a caridade odiosa de apenas investir no que sou. Nunca me importei com a moldura, que, sozinha, não vale nada, e não seria agora. Vou embora experimentando roupas, me divertindo fazendo caras, bocas, cabelo, maquiagem, brincando de ser diva, sem enganar ninguém, muito menos a mim mesma. Sei que cabem em mim várias... e em cada uma delas, acredite, não há nenhum desejo de revisitar historias antigas. Já fechei a porta pro passado e a entreaberta é pro futuro, que só eu decido quando abrir, escancarar.  

O curioso é que a última fala é quase sempre de "amizade", mas, na encenação, para convencer, força-se uma inimizade que não há. Nem amizade também. Há apenas um querer bem, acreditem se quiser. Sou leoa, guerreira, mulher! Sigo em frente sem precisar de ninguém... já conquistei alguns caminhos... não me falta carinho e nem respeito daqueles que realmente me fazem bem. O resto pode passar... passarão... eu passarinho, singelo, como disse Quintana, vou só seguindo... sorrindo... só rindo de tanta imbecilidade e de tão mal traçadas rimas!