domingo, 14 de abril de 2013

3 anos e 8 meses!


Ainda "ontem" você era um bebezinho que tinha acabado de sair da minha barriga, todo dependente... e hoje o vejo já um rapazinho,  todo cheio de estilo, de manias, de artes, de teimosia, de opinião... cada dia querendo menos colo e mais chão! Admiro sua independência para muitas coisas, como quando entra na van para ir à escola e me dá tchau, sem nem olhar para trás, embora isso, confesso, me doa. É um misto de orgulho e de medo de estar perdendo terreno, que acho que, no fundo, toda mãe que se preze tem!

Gosto demais quando você chega da escola e vem direto para o quarto para ver se ainda me encontra ali, e que pena que são raras as vezes em que estou! Como essas ausências me doem, me angustiam, embora eu saiba que você é, como diriam meus alunos, bem mais "safu" do que eu. Sei que fica bem com a vovó enquanto não estou com você e é só por conta dessa certeza que eu consigo ir trabalhar, e aceito o inevitável corte do nosso cordão umbilical. 

Sei que às vezes me encontro irritada, até mesmo pela correria e pelo cansaço, admito que grito mais do que eu gostaria, que brigo e que o coloco para "pensar", e sei que você não entende quando não posso dar a atenção que você merece... Tudo isso me destrói por dentro, filho. Fico remoendo e me culpando por não saber ser a melhor mãe do mundo. É difícil educar sem estragar, sem traumatizar, sem encontrar a medida certa... e a sensação que temos é que estamos errando ou errando, em muitos momentos!

Apesar do taaaaanto que você tem aprontado,  testado meus limites e os de sua vó, e feito taaaaantas bobagens, jamais duvide do quanto o amo e do quanto me orgulho de ser sua mãe. Saiba que, embora eu às vezes fale, nos momentos de desespero e de extremo cansaço,  que você poderia ser  calminho "que nem o Arthur" ou qualquer outra comparação do tipo, eu não queria ser mãe de ninguém que não fosse você! É o MEU filho, meu amor, meu tesouro, minha bússola, meu Norte, meu ar, meu tudo! 

Parabéns por mais um mês de vida! Agora já são 3 anos e 8 meses!!!!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Diálogo matinal

Às 7:30 h ela acorda, mesmo com o corpo e a mente lhe dizendo que precisavam ir pelo menos até as 10! Uma voz carinhosa dá o comando e lhe pede um abraço, e ela, como um zumbi, obedece, se levanta, vai até lá e abraça, apertado. Resolve perguntar se o dono da voz teve um pesadelo e por que pediu o abraço. Ao ouvir que só quer um abraço porque a ama, o zumbi prontamente se humaniza, todo, e tudo ganha cor, sentido e até trilha sonora!

Dado outro abraço, mais apertado ainda, o sono a obriga a voltar para a cama. Obedece. Mal fecha os olhos e tem seu sono novamente interrompido pela voz, que, agora, para combinar com o abraço, pede um beijo. Zumbi se levanta, sorrindo, e dá um, dois, três, quatro, cinco... mil beijos! E passaria toda a eternidade ali beijando, mimando! Ganhou o dia, mesmo que venham duzentos e noventa e nove pepinos. Ou mais.

Ela volta para a cama, ainda morrendo de sono, enquanto ele já mandou o dele embora e parece bastante convencido a provar que o dela está indo junto. Pede para ir para a cama dela, fato de que ela gosta. Ilude-se. O zumbi volta e cochila por uns dez, onze, doze minutos no máximo, até acordar com a bagunça feita com colagens entre o dono da voz, o chão e o guarda-roupa. Bom que hoje o idealizador mesmo limpa. Ela pensa em brigar, mas, no fundo, tem vontade é de rir. E obedece. Por que não?

Filho carente é tudo de bom, mesmo que isso ative em nós um monte de culpa. É a maior e melhor de todas as riquezas do mundo e não tem preço. Nenhum. Nunca. E não sabe ele que, sem querer,  deu a ela a resposta que tanto buscava para um enigma que foi dormir e acordou com ela. 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

À Rosa, poderosa!


Impossível me esquecer desta data, que é também aniversário da minha sobrinha Isabella! Mas é mais impossível ainda porque, depois de aaaaaanos de trocas intensas na virtualidade, conheci essa amiga querida que tem nome de flor e age como se fosse uma. Perfumada, colorida, dona de pouquíssimos espinhos e inúmeras pétalas para sempre deixar uma por onde passa. Graças a Deus, foi a minha vez de receber uma. Trago-a comigo. Relíquia. Tesouro. Preciosidade. 

Com ela aprendi a começar a exercitar a tolerância, a quem, antes, eu nunca tinha sido apresentada.  Aprendi também a me colocar mais no lugar do outro e a sentir suas dores, angústias, tristezas, limitações. Foi com ela que eu comecei a desconfiar que a chegada de um filho vira a vida pelo avesso, desnorteia, muda a gente, confunde... e,  depois de Miguel, a desconfiança virou certeza. Já trocamos confidências que talvez nem os nossos amigos mais próximos desconfiem, quem dirá saibam! Cumplicidade e confiança! Já nos chateamos e nos desentendemos algumas vezes, mas sempre veio o perdão, como todo bom amigo. Dela já recebi provas e atividades que tantas vezes me "salvaram a vida", e também conselhos preciosos, assim como orações que me salvaram a vida, no sentido literal. Foram tantas trocas.... de tantas coisas... que até me perco. E me acho. É meio amiga-bússola, que sinaliza o caminho, se não mais correto, mais adequado.

Com ela fui um pouquinho mãe antes mesmo de saber da existência de Miguel. Fui, juntamente com tantos amigos artemanhosos, um pouco mãe da Hannah, junto com ela. Hoje sinto-me tia, mesmo sem ser sua irmã, ou talvez, vai saber, talvez irmãs sejamos. Somos as irmãs que escolhemos. E que valioso isso é!  Que você viva sempre intensamente, com poder, Rosa, poderosa! Obrigada pela amizade! 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Bom consolo para a tristeza...


Ostra feliz não faz pérola

Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que representam as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas -- são animais mansos --, seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse, a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão..." Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas asperezas, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o trabalho -- por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia, passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro  que estava dentro da ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora  fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa. 

Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre "O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música", Nietzche observou que os gregos , por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo. A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven -- como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa....

(Rubem Alves)

Sou ostra...


Dois dias seguidos sem conseguir nada produzir, sem terminar nada que eu começava, sem conseguir concatenar uma ideiazinha sequer, e com muita, muita angústia e dor de cabeça! Aí fui procurar uma das minhas cinco catarses preferidas e que se revezam: ler, escrever, ouvir música, brincar com Miguel e tomar banho. Desta vez, escolhi a primeira e lá fui eu atrás do Rubem Alves e o seu "Ostra feliz não faz pérola".

Mal abri o livro e a dedicatória contida nele me encara: "Andreia, que este livro contribua para o seu crescimento cultural! Amo você! Feliz dia dos namorados! 12/06/08" O nome do santo nem vem ao caso, mas o milagre mereceu menção, sim. 

Sou ostra. Infeliz, talvez. Mas encontro conforto nas palavras (sábias) do "Rubão". Produzo pérolas. Invisíveis, quase todas. Às vezes enxergo uma ou outra, mas não sei mais qual é verdadeira, joia, e qual é imitação, biju! Perambulo entre o real e o imaginário, entre alívio e saudade, entre vida e morte... e são tantos os paradoxos, que me cortam o pé. A fé também, muitas vezes. A alma, vez ou outra, consegue sair ilesa. Ou não. 

Brinco com o tempo... avanço... retrocedo... Noto que  sentimentos morrem, caducam, desgastam-se, mudam, se perdem pelos caminhos... Questiono-me como podem simples e poucas linhas fazerem doer o que já nem doía mais!?! Ainda bem que amanhã, provavelmente, tudo voltará ao normal e eu já nem me lembrarei mais... De que mesmo?!?  Volto, então, a produzir minhas pérolas... 

Achei A dona!


Há anos tenho algumas manias loucas, como a de, por exemplo, comprar determinadas coisas sem finalidade alguma e ficar aaaaanos com elas, sem, contudo, me sentir dona, sempre esperando um momento e uma vontade de descobrir para quem as, inconscientemente, comprei.

Hoje chegou a hora de eu me despedir de um cartão que comprei há mais de um ano! Não, não pensem que encontrei uma dona para ele e sim "A" dona (sempre gostei muito mais dos definidos do que dos indefinidos, confesso).  Ela saberá a quem me refiro e saberá que é ela a dona desse menino, desse palhaço, desses dizeres que tocaram meu coração e me confortaram. Que ela também seja confortada! Terna e eternamente.

Trazemos em nós tantas coisas, o mundo até, e... SÃO SÓ DUAS MÃOS!! Que não nos cobremos tanto... Que façamos apenas 01% da "mágica" que gostaríamos de fazer, mas que não nos esqueçamos de que, em maior ou em menor grau, ainda a fazemos! Cada momento sabe o quanto pode exigir de nós... nós é que não sabemos... e tentamos mudar o mundo querendo ser heroínas, incansáveis, perfeitas, e, algozes de nós mesmas, nos torturamos e não nos permitimos ver que a verdadeira heroína é justamente aquela que chora, que sangra, que se questiona se está fazendo a coisa certa... e somos esta aí TODOS OS DIAS, desde que acordamos até a hora em que dormimos. E é daí, exatamente daí, da dualidade, que vêm as mudanças mais significativas.

Como disse Gandhi, ou como disseram que ele havia dito, nesta onda de tantas falsas autorias facebookianas, "de forma suave você é capaz de sacudir o mundo". Que o sacudamos assim então... mesmo quando consideram que não... mesmo quando nós mesmas assim pensamos! Deus é conosco, e que isso nos baste. O resto é resto. Amém? 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Nas margens de mim... também!


Nas margens de mim

Eu me senti como um rei
Me larguei, dormi, nas margens de mim
Me perdi por querer, eu não fiz,  não fui
Me desaprendi

Eu quis prestar atenção
Tudo o que é menor, mais lento e baldio
Deixo o rio passar tão voraz, veloz
Me deixo ficar

Quando o sol acena bate em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser

Me recolhi, fiquei só
Até florescer
Desapego e raiz, improviso e razão
Canto pra colher, agora e aqui.

De qualquer maneira parte em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser...

(O Teatro Mágico)