sábado, 2 de março de 2013

Convivendo com as falhas


Preocupação com uma possível greve prestes a estourar na Educação Municipal daqui de Cabo Frio, onde, felizmente, não trabalho, mas me posiciono como mãe de aluno. Meu coração se divide. Entendo a greve como um direito do trabalhador, como uma justa forma de luta, e já fui grevista durante um bom tempo de minha vida, até perceber que ela não é solução para nada, muito pelo contrário: a sociedade, com raras exceções, vitimiza o governo e condena o professorado, e o problema se agrava. Também não encontrei, até hoje, nenhuma outra solução, o que me deixa angustiada e entristecida. Minha forma de brigar nestes últimos anos é da maneira que posso, ou seja, incentivando a criticidade do meu aluno, abrindo-lhe os olhos, tentando ampliar seus conhecimentos, principalmente os de mundo, como cidadão. 

Não estou fazendo coro àqueles que veem o professor grevista como um vagabundo, muito pelo contrário, vejo-o com a coragem que eu já tive, antes de Miguel existir, antes de mamãe adoecer, antes de eu virar chefe de família, mas minhas últimas experiências como grevista foram, digamos, frustrantes, massacrantes, com Garotinho, Rosinha e outros diminutivos que arruinaram o nosso estado quando estavam no poder. 

Entristeço-me por me sentir meio impotente ao ver que tudo o que cabia a mim como mãe eu fiz! Matriculei meu filho numa escola que considero boa, comprei a mochila e a lancheira que ele tanto queria, me programei de forma a lhe dar, mesmo em meio à correria, atenção e apoio, abri mão de outras oportunidades de trabalho para que isso acontecesse... A minha parte eu cumpri e creio que muitas outras mães também, mas... De que adianta? Basta um gesto irresponsável para fazer tudo isso desmoronar e ficar comprometido. Lamentável.

Como é duro rasgar minhas raízes, arrancar sonhos do meu peito, violentar minha essência, abrir mão das minhas concepções,  parir a fórceps a certeza que eu juro que não queria nunca ter: a de que a escola pública está falida e que começo a não crer mais nela... e, por tabela, nem em mim, que fui objeto direto dela e venho tentando ser, ainda que a duras penas, seu sujeito (ativo). De alguma forma, falhei. Falho. E me sentirei falhar ainda mais quando decidir tirar Miguel da escola pública para colocar na particular. Será muito mais do que uma simples mudança de escola, com certeza. Abrirei mão de uma parte muito grande minha, com certeza! E como isso dói! 

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