quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A minha cara!


O louco

Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo
e notei que todas as minhas máscaras
tinham sido roubadas
As sete máscaras que eu havia 
confeccionado e usado em sete vidas
e corri sem máscara pelas 
ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim
e alguns correram para casa, com medo de mim
e quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado no telhado de um casa gritou:
"É um louco!"

Olhei para cima, para vê-lo
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua.
E minha alma inflamou-se de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras
E, como em transe, gritei:

"Benditos, benditos ladrões
que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.

E encontrei tanta liberdade
como segurança em minha loucura:
e a segurança de não ser compreendido,
pois aquele desigual que nos compreende
escraviza alguma coisa em nós.

(Khalil Gibran)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por me ajudar nas renovAÇÔES!