sexta-feira, 3 de maio de 2013

Psiu! Silêncio! A guerreira descansa...


Notícia triste... Coração apertadinho... Lágrimas... Certas pessoas são tão especiais que às vezes não precisamos conviver diariamente com elas para nutrirmos um amor sem tamanho! Era exatamente assim como "vovó Dalva", a bisa do meu filho e minha avó emprestada. Sim, meu coração a tomou como vó desde o primeiro instante em que a vi. Impossível não se apaixonar por seu jeitinho manso de falar, por aquele olhar que abraça, por aqueles cabelos tão branquinhos, por aquele cheirinho de talco, e sempre tããão carinhosa! 

Apesar de não termos tido muito contato, sempre fui recebida por ela com muito carinho, alegria, atenção, beijos e abraços! Parecia estar sempre sentadinha em sua cadeira, à nossa espera, ora na cadeira da varanda, ora na cadeira da copa, ora no sofá da sala... só desta última vez que nos recebeu deitadinha em sua cama... mas sempre sorrindo, feliz, em paz... Desta vez nos recebeu com mais emoção do que de costume, e deixou escapar algumas lágrimas, discretas. Talvez ela, com toda a sua sensibilidade e sabedoria, desconfiasse de que já ensaiava uma espécie de despedida! 

Beijou-me como a quem beija uma neta de verdade, e assim me considero, e beijou meu filho, seu bisnetinho, pela última vez. Saí de lá com o coração angustiado, confuso, tal como foi com Juninho... Mas torcia para que eu estivesse enganada e que pudesse, ainda, levar Miguel para vê-la muitas e muitas vezes. Não levarei. Quis Deus assim. Mas sempre o farei se lembrar com carinho da bisa mais linda do mundo e sei que, apesar da tristeza, vou sorrir quando ele falar, como sempre, que "a bisa é tão fofinha, com aqueles cabelinhos brancos!"

Não sei como contar para ele que ela se foi... que ele não encontrará mais a bisa quando for caminhar por aquele corredor de pedras até chegar à casa dela... e que ele não poderá mais vê-la... Estranho explicar certas coisas a quem ainda não tem noção alguma do que a morte nos rouba, e ainda bem que não tem! Sofro por mim, sofro por ele, sofro pela saudade que fica. Foram 98 anos de uma existência linda, regada à saúde e uma lucidez bem maior do que a minha! Difícil acreditar que um fêmur fraturado e uma leve pneumonia tenham vendido essa guerreira. Aliás, não venceram. Prefiro acreditar no olhar dela e nas lágrimas do nosso último encontro, registrado pela foto, que ela já se despedia demonstrando que o coração da guerreira finalmente precisava de um descanso.

Sim, vovó Dalva, que a senhora tenha o descanso mais do que merecido e saiba que jamais vou me esquecer dos poucos, mas intensos contatos que tivemos, como quando o dia em que nos conhecemos, quando passou a mão no meu barrigão quase no final da minha gravidez, quando levei Miguel (com poucos dias de vida) para a senhora conhecer, e quando nos recebeu tão carinhosamente a cada visita, sempre. Obrigada, por tudo, principalmente pela lição de vida, sem nunca a ouvir se lamentar de nada. Que falemos baixo agora, que sussurremos... pensando bem, psiu, silêncio! A guerreira descansa!

Com amor,

Sua "neta" Andreia e seu bisneto Miguel

2 comentários:

  1. Uma pessoa maravilhosa,sabia e com muita lucidez...mesmo ja c 97 anos e uma pena ter partido.Saudades sempre D. Dalva,descanse em paz.

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Obrigada por me ajudar nas renovAÇÔES!