quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Antídotos e travessias

Não sei se já existia uma espécie de antídoto para as anestesias da vida, só sei que conversar com um certo amigo hoje, para mim, foi libertador...!!!

Há meses eu me sentia meio indolor... Depois de uma porrada atrás da outra, depois de me sentir colecionando decepções (inúmeras), achei que assim eu pudesse me proteger, e encontrar um porto seguro de mentirinha até o verdadeiro (se existe) chegar. Fui prolongando esse sentimento e entrei em pânico por me sentir tão "vazia". Tentava procurar (inutilmente) o meu ponto de restauração e... cadê ele?!? E eis que magicamente um novo ponto foi criado, com a ajuda de uma frase que surgiu como um sol tímido que chega depois de dias de chuva: 

"Não sentir nada é esvaziar o pote, para receber água nova... confie... é infalível..."

De repente até o vazio fez algum sentido... até porque ele deixou de sê-lo... Recebi naquele instante um pingo, uma gota, e o que parecia ser tão pouco encheu-me da vontade de um dia voltar a me encher. Anestesia sendo ameaçada? Que alegria! Voltando a sentir? Será? Indagações... logo logo respondidas... totalmente... com:

"Vou contar um segredo... Outro dia me vi diante o espelho, era manhã, me vi mais velho e entristecido, mas ao mesmo tempo maduro e preciso... então tomei uma decisão... procurar o eu perdido... encontrei-me, saí e fiquei uma longas horas a conversar comigo mesmo, me disse coisas que até então não tinha coragem, meus erros, minha decepções, minhas angústias, obstáculos, tudo... Falei a mim mesmo as verdades que precisava ouvir, chorei, deu-me vontade de esmurrar a mim mesmo, depois abracei-me e me perdoei, por tudo que não tinha feito por mim mesmo... Sabe o que aconteceu? Estou feliz agora... e, confesso, só consegui atrair coisas boas..."

Anestesia indo embora... Consegui perceber que, na verdade, é esse o caminho da travessia... Muito bom não esperarmos respostas e elas aparecerem assim, leves, como borboletas... Mágica... Miolos de pão jogados por um grande amigo que já fez a travessia e não só sobreviveu, como se reencontrou! O vazio deu lugar à esperança! Agora, com licença, vou procurar com urgência um espelho e esperar a manhã chegar. Tenho um encontro marcado comigo mesma... e, venha o que vier, isso é só um começo... Já sei então o caminho. Caminho por ele, agradecida ao FLÁVIO GUIMARÃES por, mais uma vez, regar o meu ser. Obrigada, meu amigo querido! 

4 comentários:

  1. Vi o que Flávio escreveu e realmente vc tem razão em dizer que quem tem um amigo como ele,tem ANTÍDODO sim.
    Ele é um amigo maravilhoso e escreve muito bem também.Gostei da injeção de ânimo que ele deu em vc.
    Ele merece toda a felicidade ,assim tb como vc.
    Beijos aos dois!

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  2. Já passei por essa travessia e me senti exatamente assim...estanquei tudo. Seria incapaz de escrever com tamanha precisão como vc o fez! Acho que isso já é libertação.

    Beijos querida

    Mariuza

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  3. Sábias palavrass, amiga Dequinha! Ter um amigo assim é maravilhoso. Adorei o "Não sentir nada é esvaziar o pote, para receber água nova... confie... é infalível..." Que bom que essas palavras te renovaram! Também estou precisando procurar um espelho e conversar bastante comigo! Bjos!

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Obrigada por me ajudar nas renovAÇÔES!