Fico triste quando alguém parte, seja conhecido ou não, e fico mais triste ainda quando se trata de alguém tão jovem como a Paulla Carvalho, de 13 anos, que foi mais uma vítima da irresponsabilidade. Não a conhecia, mas choro e sofro como se conhecesse, porque poderia ser minha sobrinha -- que tem quase a mesma idade --, poderia ser minha aluna, minha vizinha... Fico perplexa por ver que ela representa uma geração cada dia mais sem limites e que insiste em querer queimar etapas e "amadurecer" da dia pra noite (apenas fisicamente).
Hoje agradeço à minha mãe quando eu, com 15 anos, só podia sair na companhia de um adulto ou então chegar em casa, no máximo, até meia-noite, e ai de mim se passasse um minutinho! Era castigo na certa! Mesmo assim, ela marcava em cima, queria saber quem iria, onde iria,
quem iria nos trazer, e tudo isso numa época em que nem se tinha a
vantagem de ter celular! Ainda bem que ela teve pulso para me dizer mais "não" do que "sim", porque, como toda adolescente, eu também queria ser "dona do meu nariz" e fazer o que me desse na telha. Não fazia meeeeeesmo! E o nariz nunca foi meu!
Sinto-me submersa em várias indagações... e a maior delas é: Quem teve culpa, afinal?!? Se foi quem dirigia bêbado e foi irresponsável; se foi a própria Paulla que, deixando a criança aflorar mesmo num corpo de bem mais mocinha, se deixou empolgar e ficar em pé no carro com teto solar e dirigido por um "tio" bêbado, pensando que nada pudesse lhe acontecer; se ela foi abusar da liberdade excessiva que seus pais lhe davam; se seus pais erraram ao permitirem que uma criança estivesse na rua às 5 da manhã em pleno carnaval e na companhia de estranhos; se a polícia foi conivente ao não apurar, sabe-se lá por que motivo, devidamente os fatos; se a mídia se silenciou a fim de proteger sabe-se lá quem; se Cabo Frio não queria que esse acidente horroroso manchasse a fama de um "carnaval perfeito e calmo"; se o Conselho Tutelar deveria deixar de fazer "vista grossa" e passear de vez em quando nos points da moçada para ver quantos adolescentes da idade da Paulla estão ali vendo o dia amanhecer, bebendo, se drogando, se prostituindo, transando...
A grande verdade é que todos nós, direta ou indiretamente, temos culpa!!! E a temos porque não nos indignamos como deveríamos ao ver nossos jovens fazendo tudo isso, porque acabamos achando tudo normal, porque aceitamos que o mundo incentive mais a se aproximarem da vaidade e dos shoppings do que de Deus e do amor a si mesmos e à vida, essa vida (mais uma!) que hoje escorreu pelos dedos! O turista foi embora com a sensação de aqui tudo é perfeito... e nós ficamos com essa dor, imensa, com essa sensação amarga de impotência! Até quando, meu Deus?!? Até quando?!?
Triste isto...Também tive minha adolescência repleta de "nãos" e odiava isto, mas hoje vi o quanto isto me fez bem e me fez a mulher que sou hoje. Muito bonita suas palavras...Meus pêsames a família.
ResponderExcluirTambém tive minha adolescência repleta de nãos, mas isso não impedia que eu aprontasse das minhas. "Vou dormir na casa de fulana" ou fazendo durante o dia o que não faria a noite. É claro que o que eu aprontava não chega aos pés do que a meninada anda fazendo hoje.
ResponderExcluirNão sei de quem é a culpa, mas de uma coisa tenho certeza, NÃO FOI ACIDENTE.
Fico chocada em só ter tomado conhecimento por meio do facebook. Onde está todo mundo? Polícia, jornal... Triste, muito triste!
Ceiça, nada saiu na mídia (TV, rádio, jornal) porque ninguém informou nada a eles. Sou jornalista e posso garantir: não trabalhamos com bola de cristal. Se ninguém procura a imprensa para denunciar, não temos como saber das coisas. Face não é fonte de informação para jornalista, Face é central de boatos. Se a família realmente quiser ver a justiça sendo feita, precisam sair do Face e procurar a imprensa para denunciar, inclusive, que o Boletim de Ocorrência foi feito errado propositalmente (pelo menos é uma das versões que vi no Face, não sei se é verdade).
ExcluirCristiane, sei que o face não é fonte de informação jornalística. Acho um absurdo ninguém saber o que aconteceu. Sobre o Boletim de ter sido feito errado, não li nada sobre isso.
ExcluirSerá que não bateu uma curiosidade jornalística em ninguém para apurar a verdade dos fatos?
Olá,não a conheço pessoalmente mas quando li o seu texto lembrei que passei pelo mesmo,meus pais sempre me controlaram e muito.Meu primeiro carnaval no Tamoyo foi aos 14 anos com duas tias me vigiando.Na época eu,como toda adolescente,achava muito chato,mas sobrevivi.Hoje agradeço a minha família a educação que tive e tento educar meus filhos da mesma forma.Existem horas em que eu até me acho chata por levar o filho a escola e buscar( 12 anos),e por proibir coisas que muitos acham normal.Graças a Deus meus filhos me entendem e aceitam essa educação que nem combina com os dias atuais.Sou professora e diretora de escola pública e o que mais vejo é a família se ausentando na educação de seus filhos.Isso é triste demais.Também fiquei chocada com esse fato.É para parar e pensar.Que sociedade é essa que banaliza tudo????
ResponderExcluirMuito triste mesmo o falecimento da Paula! Não a conheci pessoalmente, mas ela era amiga de uma amiguinha da minha irmã. Triste ver uma criança com todo um futuro pela frente, acabar assim... :(
ResponderExcluirOs jovens de hoje não gostam da palavra NÃO. E muitos pais esquecem que a educação vem de casa, que a rua ensina tudo de errado e que cabe aos pais direcionar os filhos ao caminho certo. Nossos jovens estão a cada dia mais "soltinhos" e cabe a nós pais não permitir que isso continue acontecendo.Hoje agradeço aos muitos nãos que escutei e falo a mesma coisa a minha filha.Ela estava doidinha para assistir ao show do Latino e minha vizinha queria levá-la, eu não deixei, ainda não é o tempo certo dela ir à shows que começam tão tarde, ela só tem 11 anos e muitos shows ainda virão.Muitas amigas dela foram ao cabofolia e ela me criticou por não permitir que ela fosse, minha resposta foi única: Quando você for maior, pagar suas contas e não mais morar sobre o mesmo teto que eu você vai, do contrário eu dito as regras. Mas infelizmente nem todos os pais fazem isso, e por irresponsabilidades desses pais muitos jovens, no caso criança, se perdem nesse mundo de drogas, bebidas, violência e perdem a vida e assim perdem o direito de continuar sonhando. (Thaís Lima)
ResponderExcluirParabéns pelo texto, Andréia! É tudo isso e muito mais... Temos em Cabo Frio uma série de "farsas" e, confesso, estou enojado de tanta malandragem, tanta picaretagem, tanta pilantragem!!! Esconder o FATO, para mostrar um carnaval "lindo e perfeito"? Isso não pode ser concebido! Fazer dessa cidade uma "Central da Bandidagem, de Acolhimento de Turistas Selvagens, de uma grande Babilônia modernizada"??? Isso não pode ser tolerado por NENHUM morador. O grande problema é que temos no poder uma criatura que se considera "semideus" e faz o que quer com a nossa cidade e o dinheiro público. Alguém já parou pra contabilizar quanto a NOVA Secretaria de Eventos gastou do dia 1º de janeiro até hoje, 17 de fevereiro??? Com absoluta certeza, a grana "desperdiçada" dava pra fazer shows até o final do ano e ainda sobraria... O problema é a ganância, a revanche, o poder e o gosto de uma vingança que esse "digno prefeito" alimenta na direção de muitos e que eu, você e boa parte da população não temos nada a ver com isso!!! Mistura-se o particular com o público e dá nessa desgraça coletiva. A Paulla é só mais uma vítima que apareceu nesse carnaval!!! Se a situação não mudar, outras Paullas surgirão, com muito pesar!!!
ResponderExcluirTodos os motivos que vc coloca, inicialmente, no seu texto, são perfeitos e concordo com todos. Apenas, acrescento um e deixo para a reflexão de todos: será que se o carnaval na nossa cidade tivesse outro "formato" muitos aborrecimentos, fatos tristes, assassinatos, assaltos, atos violentos, em geral, não teriam sido evitados????? Por que essa "avalanche turística"??? O que ganhamos, de fato, com tanta gente que "usa, abusa e destrói a cidade"??? Um trânsito insuportável, um comércio que não tem condições de atender a todos, com a falta de produtos, bancos lotaaaaaados e uma Paulla pra deixar história...
Esse é o governo da "Cabo Frio, terra amada"!!!
Peço-lhe desculpas por "tocar" em questões políticas, mas, na minha análise, não há como não associá-las e culpá-las também pelo lamentoso fato.
Abração,
Fábio
Andreia,amei o seu texto e concordo com tudo o que vc escreveu.Concordo tb com tudo o que Fábio André escreveu.
ResponderExcluirHoje, as crianças e adolescentes estão sem limites e o que aconteceu é culpa dos pais,na minha opinião.Se ela estivesse em casa com a família,isso não teria acontecido. Onde se viu uma menina de 13 anos ficar na rua até 5 h da manhã com gente estranha....A mídia deve ter sido proibida de noticiar p/ todos acharem que o carnaval foi impecável.Nunca vi tanta gente aqui em Cabo Frio como este ano.Esse é o carnaval que o digníssimo Prefeito acha bom.Estou revoltada.Bjs!
parabens pelo comentario tambem sou mãe de um adolecente de 16 anos e acha ruim quando a gente fala não, levo ele aos show e trago pra casa quando termina ,foi isso q meu pai ensinou e faço o mesmo com ele .
ResponderExcluirPerfeito, Dequinha! Perfeito, Fábio! Enquanto isso, nossas crianças continuam sem escola, sem um projeto cultural decente de música, esporte, teatro, etc. E assim, vão entrando em carros às cinco da manhã, e morrendo nas curvas da vida. Muito triste essa história, mas ela não é única. Nossos "filhos" estão morrendo aos poucos, na falta de responsabilidade de um governo que realiza um show por dia, mas acha mais de um mês pouco para colocar as escolas em condições de funcionar. Morrem a cada vez que uma secretária de Educação desmerece a capacidade intelectual da população, dizendo que professores ainda não foram contratados porque os seus telefones estão "fora de área ou desligados". Morrem a cada vez que um governador de Estado dá 5% de reajuste salarial aos professores, e coloca isso como se fosse a oitava maravilha do mundo. Essa menina foi vítima de uma fatalidade, e as tantas outras que estão envolvidas com drogas e prostituição por conta de um sistema que SABE e permite, de forma INTENCIONAL que isso aconteça, pois quanto mais alienado for o povo, mais eles vão poder cometer barbaridades com a verba pública. Quem é mais bandido? Quem é mais vilão? Por que determinados jornalistas, enfatizam tanto esse crime, mas se esquecem dos cometidos contra o patrimônio público, e assim, consequentemente, com TODAS as crianças e adolescentes de nosso município? Realmente, essa história traz muitas lacunas e deixas muitas perguntas. Que Paulla descanse em paz. Por que nós ainda temos muito que "padecer" nessa terra de meu Deus!
ResponderExcluirSÓ LAMENTO..E ACHO Q TDS NÓS SOMOS RESPONSÁVEIS POR ISSO...
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