sábado, 9 de março de 2013

No meio do caminho tinha uma borboleta

Estava lendo uns textos da especialização ainda há pouco, enquanto Miguelito fazia (e ainda faz), empolgadíssimo, suas tarefas dos seus livros-lousa, e foi aí que parei, encantada, nestes versos de Manoel de Barros, um poeta que eu acho uma gracinha. Adorei! Confesso que ainda não os conhecia!

Concordo com ele que a maior riqueza do homem é a sua incompletude. Também não me aceito como sou, e, sem saída, acabo sendo, então, múltiplas. Mania de ir além. É um querer quase que vital de me superar, de me surpreender, de ir além, de buscar, de insistir, de caminhar até mesmo quando o corpo e a mente cobram repouso. Digo não aos comandos, à robotização das regras, à rotina que nos aprisiona tanto. Burlo. Transgrido. Rejeito. Não tem jeito de me enquadrar. Simplificar o ser humano é roubar inúmeras possibilidades e eu que não tenho conseguido roubar nem flor...

Peço perdão o tempo todo. A todos. A mim. Quero cores. Quero borboletas -- nossa grande salvação. Então que venham todas: amarelas, azuis, verdes, rosas, vermelhas (muitas!). São todas bem-vindas. Que façamos um imenso arco-íris. Dançante. Juntos. Mutação. Me torno uma. Me torno várias. Abraço a lagarta também.  Sei ser. Antes e depois. Transição. Abraço o eu, o tu, o ela, o elas... tudo... convido até aquelas que sou, mesmo não sendo, ainda. Embarco nas possibilidades... na riqueza... nos vários eus, de Deus! 


A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

(Manoel de Barros)

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